Melodrama piroso

Vê-se e não se acredita: um filme que conta com dois valores oscarizados como Kevin Spacey e Helen Hunt, para além da colaboração episódica, mas marcante, de Angie Dickinson, não consegue nunca abandonar o lugar comum do melodrama mais piroso.

A sinopse dá uma ideia do risco: um miúdo, filho de pais alcoólicos, decide entrar num esquema de entreajuda, sugerido na aula por um professor que sofreu na adolescência graves queimaduras, vítima, também ele, de pai alcoólico. A realização de Mimi Leder é de uma confrangedora pobreza, com erros de continuidade, inesperados e patéticos golpes de teatro (como a revelação de que Dickinson é, afinal, mãe de Hunt) e uma total ausência de credibilidade dramática. Desde a definição da personagem de Spacey como uma variante do protagonista de um qualquer "Fantasma da Ópera" de segunda categoria, até à apresentação da bondade em cadeia que está no título do filme, tudo prima pelo disparate. A criança protagonista, o miúdo de "O Sexto Sentido", bem se empertiga, mas não pode salvar o "insalvável". Nem sequer as possíveis boas intenções justificam tal catástrofe.

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