Um quarto das autarquias não muda de partido

Uma em cada quatro câmaras municipais tem-se mantido fiel à mesma cor política ao longo dos sete actos eleitorais autárquicos realizados nos últimos 25 anos em Portugal.

Desde as primeiras eleições autárquicas realizadas depois do 25 de Abril de 1974, em Dezembro de 1976, 72 concelhos jamais mudaram de partido dirigente, uma vez feita a escolha inicial. O PSD lidera o "ranking" dos partidos com maior número de municípios que se têm mantido fiéis ao mesmo partido: 26. Estas câmaras espalham-se por seis dos 18 distritos portugueses e pelas duas regiões autónomas - Madeira e Açores.
Seguem-se-lhe PS e PCP com 23 câmaras cada. Os socialistas mantêm a sua influência fixada em municípios de 12 distritos, enquanto a fidelidade autárquica à coligação liderada pelos comunistas está concentrada em cinco distritos.
Os sociais-democratas têm exercido o seu domínio especialmente nas regiões autónomas. Mais de metade das câmaras que se agarraram ao partido ao longo deste período (14 em 26) estão fixadas na Madeira e nos Açores. E neste capítulo, a Região Autónoma da Madeira lidera em destaque, já que nove das 11 câmaras existente nas ilhas nunca conheceram outro partido a comandar o município além do PSD.
Este domínio do PSD mantêm-se, embora de forma mais atenuada, na Região Autónoma dos Açores onde o partido tem assegurado ao longo dos últimos 25 anos a cadeira do poder municipal em cinco das 19 câmaras da região.
O PS tem a sua influência mais repartida em longo do território continental. Portalegre é o distrito em que os socialistas se têm eternizado em maior número de câmaras (quatro em 15).
A CDU (PCP) tem mantido a sua hegemonia em municípios situados maioritariamente a sul do rio Tejo nos últimos 25 anos, em particular em Setúbal, ao conseguir a fidelidade dos eleitores de oito dos 13 concelhos do distrito. Seguem-se-lhe os distritos de Évora, Beja, Portalegre e Santarém.
Nas autárquicas de 1997 houve um recuo no número de câmaras que decidiu romper com a tradição, tendo sido a CDU a força política que mais danos sofreu nesta matéria. Perdeu sete municípios que até aí tinham dado invariavelmente a vitória a coligações lideradas pelos comunistas desde Dezembro de 1976.
O PS perdeu cinco, o PSD uma e o CDS-PP perdeu a única câmara que se mantinha fiel ao partido desde 1976: Mondim de Basto, no distrito de Vila Real.

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