"É apenas uma questão de tempo", resume a sinopse. A frase, ameaçadora, refere-se ao amor adolescente e proibido de "Frágil Como o Mundo", que se há-de perder porque não há um tempo para ele.Mas é também o tempo que, de alguma forma, mina esta segunda longa-metragem de Rita Azevedo Gomes, tão repleta de citações (literárias e cinematográfias) que se torna difícil asseverar da originalidade do seu universo.
Dificuldade maior: "O Rei das Rosas", de Werner Schroeter, em que a realizadora colaborou, estreou o ano passado, 14 anos depois da sua conclusão (e veja-se como, apesar disso, é um filme em que o tempo não teve consequências) e as comparações são inevitáveis (das tentativas operáticas da banda sonora à pintura de Caravaggio, às rosas e à figura da mãe decalcada da actriz Magdalena Montezuma). É um filme irregular - capaz de momentos tão fulgurantes como a sequência a cores -, com belíssimos achados formais e irrepreensíveis afinidades literárias (Sophia, Bernardim Ribeiro). Mas o resultado é demasiado artificioso para que se possa acreditar (mais) nele: como, enfim, cada palavra proferida pelos protagonistas.
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