Se misturássemos um melodrama bostoniano, com leves reminiscências de Henry James, uns pozinhos de Hitchcock (a perturbante Syril de Blythe Danner traz ecos da Mrs. Danvers de "Rebecca"), e ficções oriundas do imaginário católico (a que não será alheio o recente triunfo da nova versão de "O Fim da Aventura", de Graham Greene), teríamos um resultado muito próximo do deste bem intencionado "A Proposta".
Claro que não pode ignorar-se umas pitadas de feminismo - invoca-se Virginia Woolf, fala-se metaforicamente da imaginária "irmã de Shakespeare" - para dar corpo à heroína, Eleanor Barret. Tudo acaba por se reduzir, porém, a um argumento pesado e folhetinesco: um rico bostoniano, Arthur Barret (William Hurt), infértil, faz uma proposta a um jovem licenciado, Roger, para engravidar a mulher, Eleanor.
Roger transgride o contrato, ao apaixonar-ser por Eleanor, é eliminado pela guardiã da honra da família, Syril, e quem acaba por cumprir a função de perpetuar o nome dos Barret é o sobrinho de Arthur, Michael (o inefável Kenneth Branagh), que é padre na paróquia do casal. Se bem que esta sinopse resulte demasiado redutora, fica uma ideia do que nos espera, num filme arrumadinho (usando e abusando dos picados), sem grandes voos, muito próximo do telefilme de grande produção.