Lar de Viana do Castelo não tinha sistema de detecção de incêndios

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O comandante dos bombeiros afirmou que o edifício não cumpria todas as normas de segurança Francisco F. Neves/Lusa

O lar de idosos Santiago, em Viana do Castelo, onde esta manhã deflagrou um incêndio que provocou a morte a três pessoas, não possuía sistema central de detecção de incêndios, obrigatório por lei.

De acordo com o director do Centro de Solidariedade e Segurança Social de Viana do Castelo, Agostinho Freitas, "o lar não tem sistema central de detecção de incêndios, mas tem diversos extintores", pelo que a segurança dos utentes estaria acautelada."Temos o lar como uma referência pelos seus padrões normais de funcionamento", disse o director, acrescentando que aquele espaço, construído há cerca de 20 anos, funciona segundo a legislação da altura, informa a Lusa.
No concelho de Viana de Castelo existem cerca de 24 lares, "alguns novos e que seguem todas as normas e regulamentos e outros mais antigos que têm uma falha aqui ou ali", explicou.
Agostinho Freitas adiantou ainda que a Segurança Social tem feito fiscalizações regulares a estas instituições e elabourou, nos meses de Março e Abril, um inquérito a todos os lares, cujo resultado deverá "ser conhecido brevemente", acrescentou.
Sobre o facto de alguns idosos terem sido retirados do edifício pelas janelas e varandas, Agostinho Freitas acredita que deve ter sido uma opção das autoridades para "encurtar caminho", até porque o estabelecimento "tem três saídas de emergência".
O ministro do Trabalho e Solidariedade Social, Paulo Pedroso, que se deslocou ao local no final da manhã, confirmou que o lar foi recentemente fiscalizado pela Segurança Social, tendo a investigação demonstrado que o edifício "tinha todas as condições para funcionar".
No entanto, o comandante dos Bombeiros Voluntários de Viana do Castelo, defendeu, em declarações à SIC, que o edifício não cumpria todas as normas de segurança. O responsável afirmou que o local deveria sofrer modificações que passem pela instalação de um sistema de detecção de incêndios, escadas de incêndio interiores e exteriores, pela colocação de sinalética e pela abertura de saídas de emergência.

Apenas seis feridos vão ficar hospitalizados

Das 22 pessoas que ficaram feridas no incêndio, na maioria devido a queimaduras e intoxicações, apenas seis deverão ficar internados no hospital de Viana do Castelo. O incêndio foi dado como extinto cerca das 08h00, tendo então entrado em acção uma equipa das Brigadas Anti-Crime e de Investigação Criminal que detectou a existência de dois focos de incêndio, que apontavam para a existência de fogo posto.
"Através de depoimentos recolhidos no local, as suspeitas recaíram sobre um utente do Centro, pois este teria feito ameaças que incendiaria o Lar", adianta um comunicado da PSP difundido esta tarde.
No seguimento dos depoimentos, foi detido um idoso, de 64 anos e natural de Ponte de Lima, que será ouvido amanhã no Tribunal de Viana do Castelo.
Os 54 idosos que residiam no lar vão ser realojados nos lares da Piedade e da Caridade, da Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo e, se necessário, no lar privado de Santa Teresa.

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