Processo-crime do "Bolama" arquivado com familiares desconfiados

Apesar da contestação e suspeitas dos familiares das vítimas do Bolama e do Sindicato Livre dos Pescadores (Slppa), o processo-crime sobre o afundamento do arrastão "Bolama", há dez anos, foi arquivado. Hoje os familiares manifestam-se em São Bento para pedir esclarecimentos e auxílio financeiro para os trabalhos de recuperação do navio.

A Lusa cita fonte judiciária que afirma que o despacho de arquivamento do processo "já transitou em julgado", razão pela qual o caso não pode ser reaberto. A única possibilidade é um recurso de revisão da sentença para o Supremo Tribunal de Justiça, segundo a mesma fonte.Os familiares das vítimas e o presidente do Sindicato Livre dos Pescadores, Joaquim Piló, levantam dúvidas quanto ao que, ou quem, fez um buraco no casco do navio, e com que objectivo. No barco há uma fenda no casco, abaixo da linha de água, que aparenta ter sido feita com maçarico e é perfeitamente visível nas filmagens efectuadas a partir do navio "Auriga" da Armada Portuguesa, com recurso a um veículo subaquático, no dia 22 de Março de 1992.
Joaquim Piló especula "algo de muito grave ia no porão do navio". O "Bolama" naufragou a 4 Dezembro de 1991, tendo partido de Lisboa com carga ainda indeterminada. Trinta pessoas morreram. O arrastão nunca foi retirado do mar porque em 1995 o então ministro da Defesa, António Vitorino, indeferiu o pedido feito pelos familiares das vítimas para esse efeito. Alguns especialistas chegaram a admitir que a carga pudesse ser urânio.
À época, o Ministério Público deduziu acusações, designadamente contra os responsáveis por modificações feitas no navio, que terão alterado a sua estabilidade, mas o Tribunal de Instrução Criminal (TIC) de Lisboa decidiu não pronunciar os visados, mandando arquivar o caso por considerar que o Bolama se afundara por "causas naturais". Um recurso não teve provimento e o caso foi dado como finalizado.

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