Isabel Matos nega acusações de alegada negligência médica

Foto
A médica tentou explicar a possibilidade de ficarem restos placantários, apesar de totalmente expelida durante o parto Adriano Moreira

A obstetra Isabel Matos negou ontem as acusações de alegada negligência médica por ter deixado restos de placenta no útero de uma parturiente, assistida a 15 de Março de 1997, no Hospital de São Bernardo, em Setúbal.

Interrogada durante quatro horas consecutivas pelo Tribunal, presidido pela juíza Fátima Bernardes, a médica Isabel Matos disse ter seguido todos os procedimentos médicos adequados na assistência à paciente Lurdes Évora e assegurou que não poderia ter previsto a ocorrência de hemorragias pós-parto, dado que a paciente apresentava uma "evolução clínica favorável".Isabel Matos é acusada do crime de "ofensas à integridade física por negligência", alegadamente por ter deixado restos de placenta no útero da paciente e de não ter providenciado, atempadamente, uma intervenção cirúrgica para remoção desses restos placentários.
A acusação defende que esta foi uma falha grave, que esteve na origem de uma intervenção cirúrgica de urgência e duas transfusões de sangue, a que Lurdes Évora foi submetida no Hospital do Barreiro, no dia 8 de Abril de 1997.
Perante o Tribunal, a médica Isabel Matos garantiu que a placenta foi totalmente expelida para o exterior durante o parto, mas admitiu que, por vezes, isso não elimina a possibilidade de virem a ser detectados alguns restos placantários.
A médica explicou ao Tribunal esta contradição aparente, apresentando dados científicos que provam que esta situação pouco comum afecta apenas uma percentagem reduzida de mulheres.
Isabel Matos argumentou ainda que não poderia prever o agravamento do estado de saúde de Lurdes Évora.
No entanto, Isabel Matos admitiu que tinha marcado uma intervenção cirúrgica para o dia 11 de Abril, porque uma ecografia referia a possibilidade de a paciente ter restos placentários.
A médica justificou-se, explicando que não ordenou uma intervenção cirúrgica de urgencia perante os resultados dessa ecografia, porque não foi informada de uma segunda hemorragia da paciente. A acusação nega esta versão.
O julgamento continua na sexta-feira.

Sugerir correcção
Comentar