Nova variação sobre a possessão demoníaca - porventura, enlevada pelo sucesso da recente exibição da "versão nunca vista" de "O Exorcista" -, o que "Os Possuídos" tem de mais aterrador é a decepcionante (no mínimo) revelação do oscarizado director de fotografia de Spielberg ("A Lista de Shindler", "O Resgate do Soldado Ryan"). Mas, enfim, a culpa talvez seja de uma endémica falta de fé: Winona Ryder é uma jovem fumadora compulsiva com um passado turbulento de susceptibilidades satânicas, salva por um padre exorcista (John Hurt), que, depois de mais uma sessão de esconjuro, descobre o nome do pobre diabo que irá incarnar o Anti-Cristo. Apesar do cepticismo inicial, o aspirante a diabólico dominador do mundo (Ben Chaplin) começa a espreitar por debaixo da cama e a duvidar das suas próprias certezas de que o mal com M grande não existe. Talvez para compensar a indigência do argumento (e a incrédula prestação de um invejável elenco de actores, incluindo Elias Koteas e Philip Baker Hall), Janusz Kaminski constrói o filme com base numa profusão de efeitos de câmara sofisticados (ângulos picados e contrapicados, ralenti, inúmeros planos pormenor, duplicação de enquadramentos através de vidros e espelhos), mas é demasiado fogo-de-vista (e sem nada que o justifique) para tão penosa estreia na realização. Esperemos que Spielberg o mantenha ocupado nos próximos tempos...
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