O Rei das Rosas

Muitos anos depois do tempo devido, e trabalhando com muitas lacunas no conhecimento de uma obra tão coesa e tão iniciática como a de Werner Schroeter, o público português tem acesso a uma das obras-primas do mestre alemão. Os mais atentos e cinéfilos não terão perdido retrospectivas ou sessões especiais que, na, Cinemateca Portuguesa, no Instituto Alemão, no recente Festival Gay e Lésbico, visitaram momentos da integral; no circuito comercial "Malina" ficou referência. Agora, em vez de confrontar o "grande público" com o fabuloso e recente, "Poussières dAmour", súmula da relação complexa do cineasta com o mundo da ópera, vai-se ressuscitar "O Rei das Rosas". No entanto, e apesar do atraso, o filme, centrado num onirismo sem tempo, nem espaço, funciona na perfeição como sinal de um mundo que funde cultura e ficção, experiência e onirismo num objecto único de incontrolável fascínio. Por isso, ver um grande filme de Schroeter como "O Rei das Rosas", ainda com a sua diva de cabeceira, Madalena Montezuma, é como mergulhar na imponderável riqueza das imagens e dos sons, longe de um real comezinho, perto do sonho perpétuo de todas associações. A liberdade e a beleza à solta no espaço de um gesto.

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