Nome de Código: Mercúrio

Harold Becker tem uma longa carreira com a eficácia e a hábil gestão de meios como imagem de marca: "O Clarim da Revolta" ou "Perigosa Sedução" são filmes interessantes e evidenciam o gosto do realizador por uma reformulação dos géneros, a partir de argumentos fortes. Neste "Nome de Código Mercúrio" passa, precisamente, pela ideia de argumento (que nem sequer acaba por sofrer conveniente elaboração), a sua principal qualidade: uma criança autista consegue quebrar um sofisticadíssimo código secreto ao visionar um "puzzle". No entanto, o "thriller" que se desenvolve repete demasiados "clichés" do género (o vilão que mata, um a um, os subordinados confundidos pela aparente fragilidade do que parecia inviolável; o agente do FBI caído em desgraça que decide proteger a criança; o chefe empedernido, que acaba por ver a verdade) e nunca atinge nas cenas de acção, como a falhada fuga final em helicóptero, a desejada espectacularidade - o filme resulta pobre por via de efeitos demasiado óbvios. Apenas o princípio com a claustrofóbica filmagem do assalto, que, aliás, não faz parte da história e se destina apenas a definir a marginalidade do protagonista, foge um pouco às estafadas receitas do "thriller" político-militar.

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