Assim se fecha a trilogia iniciada com "Recordações da Casa Amarela" e prosseguida com "A Comédia de Deus", em tom elegíaco e compungido. Muitos dos excessos anteriores aparecem apenas em efígie, num filme que parece redimir a personagem, enclausurando-a numa inefável tristeza, quase "chaplinesca". Há momentos deslumbrantes, como o da cela, ou o do almoço de cozido no convento, magníficos "gags" de uma comicidade que se desfaz. Parece faltar a euforia transgressora dos anteriores tomos, como se já nem o irrisório fizesse sentido num mundo de lugares comuns e de frases feitas. E, no entanto, por detrás de uma espécie de impotência, constrói-se um dos mais belos olhares sobre a castração pátria e um dos mais violentos esgares sobre as fraquezas patéticas de uma comédia humana, encenada pelo último dos bobos.
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