Barcelona arrasa Real Madrid no "clássico"

Catalães sem Messi derrotam "blancos" por 5-1 em Camp Nou. "Merengues" descem para nono. Imprensa espanhola diz que Lopetegui será substituído por Antonio Conte.

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Suárez marcou três dos cinco golos do Barcelona Reuters/PAUL HANNA

Lionel Messi estava na bancada do Camp Nou, com um gorro na cabeça para se proteger do frio. Cristiano Ronaldo, por certo, estaria sentado no sofá da sua casa, algures em Turim, a ver pela televisão. Nenhum deles estava no relvado para um “clássico” em que ambos tinham sido protagonistas na última década, e parte da narrativa do Barcelona-Real Madrid passaria sempre por eles, ou melhor, pela sua ausência. O resultado final não deixou qualquer dúvida. Quando é preciso, o Barcelona sabe viver sem o seu génio argentino e, por isso, ganhou por 5-1. O Real Madrid não tem ninguém que lhe dê o que português dava (50 golos por época), mas falta-lhe muito mais que isso e Julen Lopetegui, que é parte do problema (mas não o único problema), terá os minutos contados.

Sem Messi, o Barcelona contou com o enorme acerto de Luis Suárez, autor de três dos cinco golos da formação catalã, um predador certeiro e de perna rápida sem qualquer piedade do adversário. Para lá das consequências anímicas que comporta uma goleada sofrida em casa do grande rival, o Real desceu, com esta derrota, para o nono lugar da Liga espanhola, somando apenas 14 pontos, e já está a sete do Barça, que lidera, com 21.

O Barcelona não foi só melhor que o Real Madrid. Foi muito melhor, mas bastou-lhe entrar em campo com a atitude competitiva certa, já que o Real, com toda a necessidade de fazer prova de vida numa altura de crise, fez exactamente o contrário. Entrou moribundo, derrotado, contagiado por uma época de fracassos sucessivos, sem plano colectivo e sem rasgo individual, algo particularmente grave numa equipa que tem Modric, Bale, Benzema, Isco…

O 2-0 ao intervalo parecia pouco, tal o domínio catalão de processos simples, assentes na circulação de bola em progressão até haver espaço para atacar a baliza de Courtois. Foi exactamente assim aos 11’, quando a bola chegou até ao flanco esquerdo, onde Jordi Alba conseguiu fazer o cruzamento atrasado para o golo de Phillipe Coutinho – a estatística do jogo mostrou que foram 30 passes consecutivos até ao remate final do médio brasileiro. Reacção do Real? Nenhuma. E o Barcelona continuou a dominar. Aos 27', Suárez caiu na área do Real num lance com Varane, houve análise do VAR e foi marcado penálti. Da marca dos 11 metros, o avançado uruguaio fez o 2-0.

Os “merengues” já pareciam KO e ainda havia mais uma hora para jogar. Só após o intervalo, e com Lucas Vasquéz em campo (entrou para o lugar de Varane), é que o Real Madrid entrou verdadeiramente em campo. É justo dizer que podia ter mudado o curso do jogo naqueles 15, 20 minutos, mas só conseguiu marcar um golo aos 50’, pelo inevitável Marcelo, que se tem assumido como o goleador “blanco” nos tempos de crise – marcou pelo terceiro jogo consecutivo, sendo do lateral brasileiro três dos últimos quatro golos do Real. Modric ainda enviou a bola à trave pouco depois, mas, perante a ameaça continuada do adversário, Valverde também mexeu no jogo, fazendo entrar, sucessivamente, Nelson Semedo, Dembelé e Arturo Vidal.

O Real Madrid voltou a baixar os braços e o Barcelona arrancou em definitivo para a goleada. Suárez (75' e 83') e Arturo Vidal (87') deram outra expressão ao domínio catalão, com Messi a aplaudir efusivamente aquilo que os seus colegas conseguiram fazer sem ele. O “clássico” deixou ainda mais a descoberto as muitas fragilidades do Real, que não sofreu apenas com o défice de golos, mas também com o desacerto defensivo total. E pagou cara a falta de plano de um treinador que foi “roubar” à selecção espanhola na véspera de um Mundial.

Se foi primeira ou quinta escolha, Lopetegui já não tem o benefício da dúvida do presidente Florentino Pérez  - a imprensa espanhola já dizia, logo após o jogo, que Antonio Conte estava a caminho - e, depois de muitas semanas a queixar-se da falta de sorte, já parece sentir que a sua posição está em perigo, embora não o admita com todas as letras.

“Não sou eu que tomo essas decisões. Posso dizer que acredito nesta equipa. O resto não é da minha responsabilidade”, disse o técnico basco quando lhe perguntaram se ia ser despedido. E sente forças para continuar? O antigo guarda-redes garantiu que sim: “Foi um golpe duro, mas a situação é reversível. A equipa vai crescer e melhorar. A equipa está viva. Sinto-me triste, mas tenho forças para continuar a liderar esta equipa, disso não tenho nenhuma dúvida.”

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