Ronaldo virou o jogo e Portugal está na “final” com a Suíça

CR7 entrou ao intervalo e foi decisivo na vitória portuguesa em Andorra, por 2-0, que mantém a selecção nacional na luta pelo apuramento directo para o Mundial 2018

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Reuters/VINCENT WEST

No roteiro idealizado por Fernando Santos, Cristiano Ronaldo teria permanecido os 90 minutos sentado ao seu lado no banco, a salvo de qualquer indesejável lesão ou cartão amarelo que colocasse o habitual capitão português fora da “final” com a Suíça. Mas o seleccionador foi obrigado a rever o guião ao intervalo. Confirmando o vaticínio do técnico nacional, a viagem a Andorra não foi um passeio e após um nulo nos primeiros 45 minutos, Fernando Santos viu-se forçado a lançar Ronaldo, que virou o jogo: pouco mais de 15 minutos depois de entrar em campo, CR7 fez o seu 79.º golo por Portugal e acabou com a resistência andorrenha. A quatro minutos do fim, André Silva assegurou a vitória portuguesa (2-0) que garante na próxima terça-feira, no Estádio da Luz, uma “final” com a Suíça para decidir quem confirma no Grupo B o apuramento directo para o Mundial 2018.

“Se alguém estivesse a pensar na Suíça, nem vinha a Andorra. Este jogo vai ser uma batalha dura, depois disso pensamos no que será o próximo confronto.” Com a prudência e a austeridade que são a sua imagem de marca, Fernando Santos deixou bem claro na antevisão do penúltimo jogo da selecção nacional na fase de apuramento para o Mundial 2018 que a deslocação a Andorra seria levada a sério. Consciente que um deslize frente aos andorrenhos teria, quase inevitavelmente, como consequência a disputa do play-off a 9 a 14 de Novembro, o seleccionador português deixou uma certeza: “Vou jogar com a melhor equipa para abordar este jogo.” Porém, contrariando o discurso repetido até à exaustão antes do jogo, na “melhor equipa” de Portugal não houve lugar “para o melhor do mundo”: desde o Euro 2004 que Ronaldo não era suplente utilizado em jogos oficiais da selecção nacional.

Sem Ronaldo, Moutinho, William Carvalho, Fonte e Cédric, Portugal apresentou-se no sintético de Andorra la Vella com Quaresma e Gelson Martins nas alas, e Bernardo Silva como principal apoio a André Silva. No entanto, a “melhor equipa” de Portugal esbarrou na montanha erguida por Andorra à frente da sua baliza. Apenas e só preocupados em defender (Rui Patrício não fez qualquer defesa nos primeiros 45 minutos), os andorrenhos criaram duas linhas defensivas à frente da sua baliza e aos 25’, quando Ricardo Quaresma desperdiçou a primeira oportunidade de golo portuguesa, a Suíça já tinha a sua missão praticamente cumprida e, em Basileia, já vencia a Hungria, por 2-0. Com uma ligeira melhoria na segunda metade dos primeiros 45 minutos, Portugal criou perigo para Josep Gómes por Quaresma (30’), André Silva (34’) e Pepe (40’), mas o intervalo chegou com 78% de posse de bola portuguesa, zero golos e uma certeza: com a Suíça a vencer por 3-0, a margem de erro portuguesa em Andorra reduzia-se era nula.

Obrigado a ganhar, Fernando Santos viu-se forçado a lançar Ronaldo na segunda parte, mas começou por não correr grandes riscos: Gelson Martins ficou nos balneários. A alteração, pouco ou nada mudou no primeiro quarto de hora. Mesmo com Ronaldo, os jogadores de Andorra mantinham-se confortavelmente acampados no seu meio campo e a partida continuou com faltas e contacto físico a mais, e futebol a menos. Com o relógio a avançar perigosamente para o minuto 90, Ronaldo resolveu: após um cruzamento de João Mário, um defesa andorrenho desviou de forma deficiente e a qualidade do “7” de Portugal fez o resto. Ao fim de 63 minutos, Fernando Santos respirava de alívio.

A partir daí, o jogo foi outro e Quaresma (70’), e Bernardo Silva  (73’) estiveram perto do segundo. No entanto, com a vitória presa pela margem mínima, Fernando Santos foi “mais papista do que o Papa”: apesar de Andorra não passar do meio-campo, o seleccionador português optou pelo “risco zero” e trocou Quaresma por William. Com mais um pronto-socorro à frente da defesa, Portugal manteve a posse de bola e, a quatro minutos do fim, André Silva fez o segundo e acabou com as poucas dúvidas que ainda restavam. Após o oitavo triunfo consecutivo na fase de qualificação, para Portugal o Mundial 2018 está agora à distância de uma vitória contra a Suíça. 

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