Milan, um “gigante adormecido” que o dinheiro quer despertar

Para já, o clube italiano é o recordista europeu em contratações neste mercado de transferências, tendo desembolsado perto de 200 milhões de euros. E, quase de certeza, não ficará por aqui. André Silva é só uma das caras novas.

Donnarumma é um dos nomes do Milan na próxima época
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Donnarumma é um dos nomes do Milan na próxima época Stefano Rellandini/Reuters
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Adeptos asiáticos do Milan Bobby Yip/Reuters

Pode o dinheiro, por si só, devolver a grandeza e a pujança a um dos mais importantes clubes de futebol da Europa, caído em desgraça? O Milan acredita que sim, ou pelo menos, os seus novos donos pensam dessa forma.

A compra de um dos emblemas com mais pedigree no futebol do velho continente por investidores chineses – estamos a falar “apenas” do segundo clube que mais vezes foi campeão europeu, só atrás do Real Madrid (12 contra 7), e também o segundo com mais títulos de campeão italiano (18) - não originou grande brado. A 13 de Abril, depois de 30 anos nas mãos de Silvio Berlusconi, o antigo primeiro-ministro italiano entregou as chaves do Milan à Rossoneri Sport Investment Lux, um nome mais ou menos “branco” mas, por trás do qual se esconde a mão chinesa de um não menos misterioso Li Yonghong, que desembolsou 645 milhões de euros e precisou de pedir ajuda de um fundo de investimento americano Elliott para reunir a soma necessária para concretizar o negócio.

E é a chegada a San Siro de dinheiro fresco proveniente da China que está a permitir ao Milan investir forte neste mercado de transferências, superando, por enquanto, gigantes como o Manchester City (153 milhões de euros) ou o Manchester United (120 milhões de euros).

Os novos donos do Milan não parecem ser apologistas da famigerada “paciência chinesa” e desejam rapidamente tornar o emblema italiano respeitado e vitorioso de novo. Em pouco mais de três meses, o Milan investiu quase 200 milhões de euros em nove jogadores, um dos quais, o português André Silva, que foi a segunda contratação mais cara dos “rossoneri” (ver quadro), apenas ultrapassada pela de Leonardo Bonucci, contratado, nos últimos dias, à campeoníssima e rival Juventus e apontado por muitos (de Pep Guardiola a Sergio Ramos) como o melhor defesa do mundo. Um lote de jóias dispendiosas a que se deve acrescentar a renovação do guarda-redes Gigi Donnarumma, apontado como um dos mais promissores guarda-redes do mundo e que fez uma espécie de chantagem com o clube milanês, ameaçando dizer adeus a San Siro.

Esta autêntica ressurreição do poderio do Milan não deixa de ser surpreendente, em especial atendendo ao facto de se tratar de um clube a viver com prejuízos há vários anos. Esse facto obrigou os seus novos responsáveis a apresentarem à UEFA um plano de viabilidade financeira cujo sucesso assenta na previsão de um crescimento das receitas generoso para os próximos cinco anos (passariam de 273 milhões de euros, já esta época, para 524 milhões na temporada de 2012-22). Valores bastante ambiciosos que a UEFA terá até Outubro de validar. Caso isso não suceda, os milanistas serão alvo de um vasto leque de punições que visam contribuir para que o clube volte ao equilíbrio financeiro.

No entanto, nada disto parece travar a fúria compradora dos novos donos do Milan e a bolsa chinesa pode não ter ainda fechado, já que tudo indica que a fúria gastadora irá presentear Vincenzo Montello com mais um craque para o ataque. Andrea Belotti surge como a mais forte hipótese para reforçar, ainda mais, o plantel “rossoneri”. O avançado, que assinou 26 golos na temporada passada, é o alvo do “gigante adormecido”, que já terá feito uma proposta de 45 milhões de euros (a que acrescentou os passes de M’Baye Niang e Gabriel Paletta) para convencer os responsáveis do Torino a abrir mão do internacional italiano.

Tudo para devolver ao Milan o protagonismo que tem perdido. Desde 2013 que não fica no pódio da Liga italiana – 8.º em 2014, 10.º em 2015, 7.º em 2016 e 6.º em 2017 – e por força desta última classificação não disputará a Liga dos Campeões na próxima temporada. Os “rossoneri” terão mesmo que passar pela “vergonha” de terem de disputar a terceira pré-eliminatória da Liga Europa e pelo play-off se quiserem disputar a fase de grupos da prova.

Contratações do Milan até ao momento

Leonardo Bonucci (defesa central)    Juventus    42M
André Silva (avançado),    FC Porto     38M
Andrea Conti (lateral direito)     Atalanta    25M
Hakan Calhanoglu (médio)    Bayer Leverkusen    22M
Mateo Musacchio (defesa central)    Villarreal    18M
Ricardo Rodríguez (lateral esquerdo)    Wolfsburgo    18M
Lucas Biglia (médio)    Lazio    17M
Franck Kessié (médio)    Atalanta    8M (empréstimo)
Antonio Donnarumma (guarda-redes)     Asteras Tripolis    1,5M
Total        189,5M

(valores em milhões de euros)

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