Incidentes entre drones e aviões levam à realização de estudo de segurança

Analisar a eficácia da regulamentação nacional é um dos objectivos do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves.

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maria joao gala

O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) anunciou neste sábado a realização de um estudo de segurança devido aos recentes incidentes envolvendo a presença de drones nas trajectórias de aviões.

“O GPIAAF decidiu iniciar a realização de um estudo de segurança com vista a caracterizar o histórico de ocorrências deste tipo no nosso país, analisar a eficácia da regulamentação nacional sobre esta matéria e comparar com as práticas que estão a ser utilizadas noutros países para a prevenção deste tipo de ocorrências, com vista à eventual emissão de recomendações às entidades relevantes”, disse à agência Lusa o director do GPIAAF.

Nelson Oliveira justificou a medida com “a frequência e características das recentes ocorrências envolvendo a presença de drones’ na trajectória de aeronaves”, ressalvando, contudo, que as ocorrências reportadas “constituem uma violação da regulamentação aplicável e um potencial ilícito de natureza criminal por parte dos seus responsáveis”.

O estudo de segurança, liderado pelo GPIAAF, no âmbito das suas atribuições de prevenção de acidentes com aeronaves, contará com a participação de especialistas externos e envolverá a audição das principais partes interessadas neste assunto.

Esta semana houve dois incidentes envolvendo drones e aviões e quatro nas duas últimas semanas. Desde o início do ano, o GPIAAF tem a informação de oito incidentes deste tipo.

Na sexta-feira um avião da Aero Vip, do Grupo Seven Air, foi obrigado a realizar uma manobra para evitar a colisão com um drone a 300 metros de altitude quando estava em aproximação para aterrar no Aeródromo de Cascais.

“Na aproximação à pista 35 de Cascais vislumbrei um objecto que julguei ser uma ave. Ao aproximar-me, apercebi-me de que se tratava de um drone de grandes dimensões, de quatro motores. Tive de mergulhar, aumentar a razão da descida, para evitar a colisão com o drone, que passou a cerca de cinco metros acima da asa esquerda”, relatou nesse dia o piloto à Lusa.

O comandante Jorge Cernadas acrescentou que o incidente ocorreu pelas 18h, num momento em que o drone “estava na linha de voo que o avião seguia” sobre a vila de Tires (distrito de Lisboa), a “dois, três minutos de aterrar”. O Dornier 228, com 14 pessoas a bordo, já estava então com a configuração de aterragem e com o trem em baixo.

O avião (com capacidade para 18 passageiros) tinha descolado de Portimão para o Aeródromo Municipal de Cascais, em Tires, com 12 passageiros e dois tripulantes. O destino final foi Bragança, onde aterrou entretanto.

Na quarta-feira à noite, um avião da TAP, com cerca de 130 passageiros, cruzou-se com um drone a 700 metros de altitude, quando se preparava para aterrar no Aeroporto de Lisboa. A 1 de Junho, um Boeing 737-800, da companhia TVF, France Soleil, grupo Air France/KLM, com cerca de 160 passageiros, teve de realizar várias manobras para evitar a colisão com um drone a 450 metros, quando a aeronave se preparava para aterrar no aeroporto do Porto.

O regulamento da Autoridade Nacional de Aviação Civil proíbe o voo destes aparelhos a mais de 120 metros de altura e nas áreas de aproximação e descolagem de um aeroporto.

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