O 44.º título da história do Olympiacos ainda não está garantido

O comportamento dos adeptos pode tirar até seis pontos à equipa do Pireu e a deixar tudo em aberto para a última jornada da liga grega.

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Os festejos do Olympiacos Yorgos Matthaios/Reuters

Foi com menos margem de manobra que o costume, mas a regra das duas últimas décadas na Liga grega de futebol cumpriu-se. A apenas uma jornada do fim, o Olympiacos conquistou o seu 44.º título de campeão grego, o sétimo consecutivo e o 19.º em 21 anos, com um triunfo folgado por 5-0 sobre o PAS Giannina, garantindo assim uma diferença de seis pontos que seria irrecuperável para o PAOK Salónica, não fosse essa vantagem poder ser anulada por uma decisão judicial. É que a equipa do Pireu arrisca-se a ficar sem seis pontos por causa dos seus próprios adeptos num jogo da Taça da Grécia e a deixar de depender de si própria para chegar ao título.

A equipa na qual alinham os portugueses André Martins, Manuel da Costa e Diogo Figueiras já festejou no domingo, com uma goleada caseira em que Costa, um central luso-francês internacional por Marrocos, até marcou um dos golos. Mas só hoje é que o Olympiacos saberá se pode continuar, ou não, com os festejos, depois de conhecida a decisão que pode custar-lhe uma dedução até seis pontos devido ao comportamento incorrecto de alguns adeptos no encontro da primeira mão das meias-finais da Taça da Grécia, frente ao AEK de Atenas.

O mais provável é que o Olympiacos seja punido com interdição do estádio, mas existe o risco de perder seis pontos e, nesse caso, deixará de depender de si próprio para ser campeão. Com a penalização máxima, passa a ter os mesmos pontos do PAOK e perde no confronto directo se se mantiver a igualdade após disputarem a última ronda — a equipa do Pireu vai ao campo do Panetolikos, enquanto a formação de Salónica recebe o Kerkyra. Com a tal penalização de seis pontos e uma vitória das duas equipas, o PAOK festejará o terceiro título da sua história.

Será, então, uma decisão judicial que separa o Olympiacos de mais uma época de domínio quase total do futebol grego nos últimos anos. Os seus 44 (ou 43, dependendo da decisão de hoje) títulos são mais do dobro dos do Panathinaikos (20), a segunda equipa com mais campeonatos, e mais de cinco vezes mais que os do AEK (9). Quase metade destes títulos (19) foi obtida depois de uma “seca” de nove anos seguidos (entre 1988 e 1996), um período de domínio repartido entre o “Pana” e o AEK e em que o Larissa conseguiu o seu único título.

Grécia, Croácia, Escócia...

Olhando para a forma como os títulos foram conseguidos, a concorrência interna tem sido praticamente nula. Se nesta temporada a diferença para o segundo é menor, devido a uma baixa de forma que levou inclusive ao despedimento de Paulo Bento (o técnico português saiu à 23.ª jornada, após uma derrota com o PAOK), em temporadas anteriores o domínio foi bem vincado. Na época passada, com Marco Silva no banco, o Olympiacos terminou o campeonato com uns incríveis 27 pontos de diferença para o segundo classificado e uma época quase perfeita (28 vitórias, um empate e uma derrota em 30 jornadas). Em 2012-13, com Leonardo Jardim, tinha sido campeão com mais 15 pontos que o segundo.

A Liga grega não é, no entanto, exemplo único de domínio quase total de uma equipa. A primeira divisão croata, por exemplo, tem o mesmo campeão há 11 anos consecutivos, o Dínamo de Zagreb. A equipa na qual alinham actualmente os portugueses Paulo Machado e Gonçalo Santos ganha ininterruptamente o campeonato desde 2006, sendo que há uma forte probabilidade de perder o trono na presente época, já que está em segundo lugar, a cinco pontos do primeiro, o HNK Rijeka, mas ainda com sete jornadas pela frente e um confronto com o líder na última ronda. Ainda assim, o domínio do Dínamo tem sido esmagador, com 18 títulos de campeão croata em 25 épocas, desde a desagregação da Jugoslávia.

Outro exemplo de campeonato sem grande competição interna é o da Escócia. O Celtic já garantiu há muito o seu sexto título consecutivo e o 48.º da sua história, beneficiando da crise do seu rival de Glasgow, o Rangers, que só agora regressou à divisão principal depois de várias épocas nos escalões secundários (e conta com o treinador português Pedro Caixinha).

Se a Escócia se habituou a ter uma de duas equipas como campeã, já a Série A italiana costumava ter alguma diversidade (16 campeões diferentes), mas a Juventus tem reforçado o seu estatuto de melhor equipa do calcio nos últimos tempos, preparando-se para garantir em breve o seu sexto “scudetto” consecutivo e o 33.º da sua história.

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