Chegou a vez do atletismo nos Jogos

O primeiro dia de provas da modalidade já vai contar com a participação de portugueses.

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Está tudo a postos para o arranque do atletismo nos Jogos KAI PFAFFENBACH/Reuters

Começa nesta sexta-feira ao início da tarde em Portugal (pelas 13h30) o atletismo nos Jogos do Rio de Janeiro e o dia inaugural engloba já finais directas com atletas portugueses. Em função dos vários interesse envolvidos e em especial das televisões, várias finais vão-se disputar de manhã, o que se sabe não ser do agrado dos atletas nem constituir pano de fundo para um melhor rendimento dos mesmos. Carla Salomé Rocha será a portuguesa que vai entrar na primeira final do atletismo no Rio 2016, a de 10.000m, que se correrá a partir das 11h10 locais, mais quatro horas em Portugal.

Com um recorde pessoal de 32m05,82s obtido nos campeonatos britânicos de Londres, a 21 de Maio, em que ficou em quarto lugar, ela é decerto uma atleta prometedora, mas esta final surge-lhe pela frente como uma montanha. Das 37 inscritas só quatro têm recordes pessoais mais lentos que a minhota, pelo que dentro de uma lógica positiva, se alcançar um lugar entre as 20 primeiras já cometerá uma proeza.

A prova promete fogo, autenticamente, e sobretudo se se olhar para o trio da Etiópia, formado por três das quatro melhores ateltas mundiais do ano na base das qualificações deste país, realizados em Hengelo, na Holanda, a 29 de Junho. Almaz Ayana, a corrente campeã mundial dos 5000m, e esta época detentora da melhor marca do ano na distância com 14m12,59s, resultado que quase a levou a bater o recorde mundial da sua compatriota Tirunesh Dibaba (14m11,15s), estreou-se na dupla légua nessas qualificações e arrancou um tempo fabuloso de 30m07,00s, que a colocou de imediato como oitava melhor de sempre. Sabendo-se como ela consegue mudanças de ritmo brutais, não custa encontrá-la como a maior favorita, mas lá estarão as suas duas compatriotas, Gelete Burka (30m28,47s, terceira do ano, vice-campeã mundial em 2015) e…Tirunesh Dibaba (30m28,53s, quarta de 2016). Tirunesh mal correu em 2014-15, e este seu regresso em Hengelo é mais que prometedor. Ela é a terceira melhor de sempre na distância, com 29m54,66s, defende o seu título olímpico de 2012 e o mundial, em Moscovo, em 2013.

As quenianas contam com Vivian Cheruiyot (terceira nos jogos de 2012 e campeã mundial o ano passado, em Pequim), a perene rival das etíopes, para tentar dar a volta ao texto. As outras duas são Alice Aprot, a segunda melhor do ano (30m26,94s) e Betsy Saina (30m57,30s de máximo pessoal). Os americanos depositam esperanças em Molly Huddle, a sua recordista dos 5000m e que em 10.000m tem um máximo pessoal de 30m47,59s, feito em 2014. Mas, desta vez, é pouco crível que o triunfo fuja à Etiópia.

Na final também directa dos 20km marcha masculinos os gémeos João e Sérgio Vieira, de 40 anos de idade, vão encontrar muitas dificuldades. Nem a ausência dos russos, que será menos notada do que na mesma prova feminina, ajuda muito, dado que a marcha tem-se expandido em força para a Ásia e América do Sul. Os japoneses são os três melhores de 2016, Eiki Takahashi com 1h18m26s, Isamu Fujisawa (1h18m45s) e Daisuke Matsunaga (1h18m53s), mas o trio chinês é muito mais experiente, incluindo o campeão olímpico de Londres Cheng Din (1h19m32s em 2016), e ainda com Wang Zhen, terceiro de Londres (1h19m12s este ano) e Cai Zelin, quarto há quatro anos (1h18m47s em 2016). O espanhol Miguel Ángel Lopez é um dos grandes outsiders, mas bastantes outros haverá num extenso pelotão de 74 elementos, como o recodista brasileiro Caio Bonfim, os alemães Hagen Pohle e Christopher Linke, o ucraniano Ruslan Dmytrenko, o mexicano Ever Palma, o australiano Dane Bird-Smith, o equatoriano Andrés Chocho, e ainda outros, para uma prova que promete ser memorável. Neste contexto, tanto João Vieira (1h22m34s este ano), que estará nos seus quintos Jogos - e em 2004 foi 10.º - como Sérgio Vieira (1h25m11s) terão de estar ao seu melhor para poderem aspirar a um lugar entre os 20 primeiros.

A outra final do dia será a do peso feminino, a arrancar às 22h locais (2h, hora de Lisboa), e fica para ela a grande curiosidade em saber se a neo-zelandesa Valerie Adams (20,14m este ano) conseguiu recuperar a sua melhor forma a tempo de reeditar o título de 2012, após um ano de 2015 falhado devido a operação, face à americana Michelle Carter (20,21m esta época), à alemã Christina Schwanitz (20,17m) e à chinesa Gong Lijiao (20,43m).

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