Doping à tona de água na piscina do Rio de Janeiro

A troca de acusações entre atletas “limpos” e “dopados” está a marcar a competição de natação

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Sun Yang tem estado debaixo de fortes críticas devido ao seu passado de doping MICHAEL DALDER/REuters

Não são apenas as vaias vindas das bancadas por parte dos espectadores, que visaram especialmente o chinês Sun Yang nos 200m livres e a russa Yuliya Efimova, ambos apanhados em controlos positivos de doping – o primeiro em 2014 e a segunda já em 2016. Os próprios atletas com quem competem na piscina olímpica perderam a vergonha e acusam os “batoteiros” de mancharem o desporto, apontando ainda o dedo à Federação Internacional de Natação (FINA).

As acusações talvez mais contundentes foram as do francês Camille Lacourt, vice-campeão mundial e campeão europeu dos 100 metros costas, que acusou os nadadores chineses de se doparem, em particular Sun Yang. “Dá-me vontade de vomitar”, afirmou aos microfones de uma rádio francesa, acusando o chinês Sun Yang, que em 2014 esteve suspenso durante três meses, por doping, de “mijar roxo”.

Camille Lacourt terminou na quinta posição a final dos 100 metros costas dos Jogos Olímpicos e manifestou-se logo “bastante zangado” por a medalha de prata dessa prova ter sido conquistada pelo chinês Xu Jiayu. “Causa-me muita tristeza ver o meu desporto comportar-se desta forma. Parece o atletismo, com dois ou três dopados em cada final. Espera que a FINA reaja rapidamente e trave esta vergonha (…) Enoja-me ver aldrabões no pódio”, disse.

Mas não foi apenas o francês a manifestar-se desgostoso com a situação. O australiano Mack Horton também foi bem directo em relação a Sun Yang depois da final dos 400m livres, após relegar o antigo campeão olímpico para segundo lugar. Horton apelidou Yang de “batoteiro” e “drogado trapaceiro”.

Até Michael Phelps já juntou a sua voz à daqueles que têm criticado o facto de no Rio 2016 estarem a competir atletas que já foram apanhados nas redes do doping“É triste que haja pessoas com controlos positivos, por vezes mais do que uma vez, e que tenham a possibilidade de nadar nos Jogos Olímpicos. Isso enerva-me”, declarou o norte-americano.

Outras das principais visadas pelos apupos oriundos do público presente na piscina olímpica e de muitos dos atletas em competição foi a russa Yuliya Efimova. A agora medalha de prata nos 100m bruços tem um historial consistente relacionado com doping. Depois de 16 meses suspensa por um controlo positivo a esteróides em 2014, Efimova registou novo controlo positivo já em 2016, desta feita a meldonium. Por causa deste historial, inicialmente a FINA integrou-a num lote de outros seis nadadores russos proibidos de competir no Rio 2016. Mas a punição acabaria por ser levantada na véspera da cerimónia de abertura dos Jogos.

A norte-americana Lilly King, vencedora da final dos 100m bruços à frente da nadadora russa, fez questão de afirmar, na conferência de imprensa que se seguiu à prova, que se tinha tratado da vitória do “desporto limpo” e nem sequer o seu compatriota Justin Gatlin (apanhado no doping e castigado com oito anos de suspensão, mais tarde reduzidos para quatro, mas integrado na comitiva norte-americana para o Rio 2016) escapou ao registo crítico do seu discurso. “Devem pessoas que já tiveram casos positivos de doping integrar a equipa dos EUA? Não, não devem.”

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