Às 20h, hora de Lisboa, vai estabelecer-se em Paris um novo recorde do futebol português. Um segundo depois do italiano Nicola Rizzoli apitar para o início do Portugal-Áustria no Parque dos Príncipes, Cristiano Ronaldo irá cumprir a sua 128.ª internacionalização e vai subir ao topo da lista no que aos jogadores portugueses diz respeito, deixando Luís Figo (127), que já não pode responder ao recorde, para trás. E, se tudo correr pelo melhor para a selecção portuguesa neste Euro 2016 (leia-se, chegar à final), Ronaldo terá, daqui a três semanas, mais cinco internacionalizações.

Este é mais um marco da história longa de Cristiano Ronaldo na selecção portuguesa que começou há 13 anos na selecção portuguesa. Nesse primeiro dia em Chaves, num particular frente ao Cazaquistão a 20 de Agosto, Ronaldo foi logo ali recordista, quando, após o intervalo, entrou para o lugar de Rui Costa. O então seleccionador Luiz Felipe Scolari estava a promover a estreia do mais jovem jogador de sempre na selecção portuguesa, um recorde que se mantém até hoje. Ronaldo tinha 18 anos, seis meses e 15 dias.

Doze anos e dez meses depois, o madeirense vai estar em Paris com 31 anos, quatro meses e cinco dias, tendo chegado ao jogo 128 no intervalo menor que os 127 jogos pela selecção (14 anos, oito meses e 26 dias) de Figo – que acabou a carreira internacional com 33 anos no jogo do terceiro lugar do Mundial 2006 com a Alemanha. Mas Ronaldo já nem precisava deste jogo para ser o mais utilizado de sempre na selecção portuguesa. Antes, já era o jogador com mais minutos (9822), enquanto Luís Figo teve 9619.

Há várias metas que vale a pena assinalar nestes quase 13 anos e 127 (quase 128) jogos. Foi titular à segunda internacionalização (particular com a Albânia), marcou o primeiro golo ao oitavo jogo (na derrota por 2-1 com a Grécia, no Dragão, durante a fase de grupos do Euro 2004), chegou à meia centena de internacionalizações a 13 de Outubro de 2007, num jogo de qualificação para o Euro 2008 em Baku frente ao Azerbaijão em que Scolari lhe entregou, quase em definitivo, a braçadeira de capitão da selecção (já o tinha sido antes, mas na condição de suplente utilizado).

Nos 127 jogos, Ronaldo foi titular em 117, e oito dos dez jogos em que foi suplente utilizado aconteceram nas suas nove primeiras internacionalizações – um jogo de preparação em 2010 contra Moçambique foi o último em que Ronaldo entrou quando a partida estava a decorrer. Quase um terço destes jogos (43) foram particulares, os restantes 84 estão distribuídos entre qualificações e fases finais de Europeus e Mundiais. O saldo é de 74 vitórias, 31 empates e 22 derrotas.

Nos golos, já há muito que Ronaldo também é o recordista da selecção portuguesa. São 58 golos em 127 jogos e não há ninguém que se aproxime dele. É verdade que Hélder Postiga (27) e Hugo Almeida (19) ainda jogam, mas há muito que deixaram de jogar na selecção portuguesa e, entre os jogadores que estão no Euro 2016, só Nani (19) e Bruno Alves (10) é que chegam aos dois dígitos.

Tendo em conta que Ronaldo já disse que quer jogar, pelo menos até aos 36 anos, isso fará com que, se o próprio assim o desejar e se os seleccionadores portugueses do futuro o continuarem a chamar, o avançado do Real Madrid esteja presente nas campanhas portuguesas para o Mundial 2018, na Rússia, e para o Euro 2020, que vai ser em todo o lado. Fazendo uma projecção conservadora (em que Portugal se apura para ambas as fases finais e disputa, pelo menos, a fase de grupos em ambas), Ronaldo somará, só em jogos oficiais, mais 26 internacionalizações, acrescentando a estes, pelo menos, uma dezena de jogos particulares.

É impossível prever o número exacto de jogos da selecção que Cristiano Ronaldo ainda tem pela frente, mas é garantido que será muito difícil de o apanhar para quem vem atrás – no top 10 dos portugueses mais internacionais estão no activo Nani (29 anos e 97 internacionalizações), Ricardo Carvalho (38/87), Bruno Alves (34/85) e João Moutinho (29/85). Para chegar a este e a outros recordes de Cristiano Ronaldo por Portugal, o melhor é mesmo começar cedo. Para já, Renato Sanches, que é o mais jovem português a jogar na fase final de um grande torneio de selecções, está bem lançado.