Movimento que luta pelo parto na água no SNS lançado no sábado

O movimento cívico Mães d'Água luta desde 2014 pelo acesso aos partos aquáticos no Serviço Nacional de Saúde, depois deste serviço ter encerrado no único hospital público que o oferecia. A apresentação do movimento será no Sábado.

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A petição apresentada pelas Mães d'Água foi a plenário, mas acabou por ser arquivada. Paulo Pimenta

O movimento cívico Mães D'Água, que luta para que os hospitais públicos voltem a realizar partos na água, vai apresentar-se oficialmente no sábado, na Fábrica Braço de Prata, em Lisboa, numa iniciativa que conta com a presença da especialista Bárbara Harper. As Mães D'Água surgiram em 2014 da iniciativa de um grupo de mães que tiveram os seus partos aquáticos no Hospital São Bernardo, em Setúbal, o único hospital público que tinha esta opção, explicou Mariana Falcato Simões, integrante do movimento, à Lusa.

Após o encerramento do serviço, estas mães dedicaram-se a lutar para que ele reabrisse e a trabalhar para que esta opção surgisse noutros hospitais a nível nacional, adiantou Mariana Falcato Simões. "O parto na água existe em Portugal, em clínicas privadas e em partos domiciliares, mas desde o início que lutamos para que também possa ser possível nos hospitais públicos, porque sendo uma opção exclusiva do privado é muito cara e não está disponível para toda a gente", sublinhou. Segundo Mariana Falcato, o que deu força a estas mães para lutar para que outras mulheres pudessem ter esta possibilidade foram as vantagens que tiveram para si e para o bebé ao parir na água, e que "ficaram inscritas na sua pele".

O movimento cresceu muito rapidamente e lançaram, em Junho de 2014, uma petição pela Manutenção dos Partos na Água no Hospital de São Bernardo e a extensão desta opção a outros hospitais públicos. A petição reuniu mais de 4800 assinaturas, e foi debatida em plenário e apresentada à Comissão de Saúde. "Apesar de ter sido bem aceite por quem nos ouviu, a verdade é que acabou por ser arquivada", lamentou.

Mas não baixaram os braços, continuaram a trabalhar e estão "muito presentes na internet a divulgar as vantagens do parto na água", recebendo, no mínimo, dez mensagens por dia de mulheres que querem saber onde se podem deslocar para realizar o parto aquático. "As mulheres estão disponíveis para ir a qualquer sítio do país porque querem parir na água, porque conhecem as vantagens e querem usufruir delas", frisou.

Neste momento, existem utentes que querem ver esta prática surgir no Serviço Nacional de Saúde (SNS), e o movimento já pediu um parecer à Direcção-Geral da Saúde (DGS) sobre esta possibilidade. "Já fizemos o pedido à DGS para nos dar um parecer, enquanto utentes de saúde, acerca da existência de partos na água no SNS", mas "ainda não obtivemos resposta e estamos a pressionar", disse Mariana Falcato Simões.

O movimento escolheu o Dia Mundial da Água, que se assinala no sábado, para divulgar o seu trabalho, lançando um vídeo que demonstra "o poder da água no parto e o poder da mulher a parir na água". "O vídeo tem imagens de nascimentos na água, todos em Portugal, o que para nós é importante, porque assinala que existe esta opção em Portugal", salientou Mariana Falcato Simões.

A apresentação pública do movimento à sociedade conta com a presença de Bárbara Harper, fundadora do movimento internacional pelo parto na água Waterbirth International, que irá relembrar os benefícios da água no trabalho de parto. No evento será também lançado oficialmente o website do movimento.

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