Portas é passado, o “CDS já sorri com a mudança”

No seu primeiro dia nesta nova fase como militante de base, o agora ex-líder compara-se com os jarrões chineses: São muito bonitos, mas não sabemos onde os pôr".

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Nélson Garrido
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Martin Henrik
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Os militantes do CDS estão gratos a Paulo Portas, mas já só olham para Assunção Cristas como a presidente que vai fazer crescer o partido para casa dos dois dígitos. Os militantes elogiam-lhe a serenidade e enaltecem-lhe o desempenho como ministra da Agricultura e do Mar no anterior Governo e dizem que está na hora de mudar. “A renovação que se está a fazer está a fazer-se no momento certo. E se Paulo Portas entende que o capítulo dele tem um fim, então há que seguir em frente”, diz Sandra Rodrigues, uma solicitadora de 44 anos que marca presença em todos os congressos.

Esta mulher, que já se cruzou com a política entre 2002 e 2009, como vereadora, revê-se na mulher que a presidente é e acredita que Assunção Cristas vai conseguir vingar no partido, porque vê nela capacidades para relançar o CDS, cativando novos militantes, sobretudo mulheres, “agora que o modelo de Paulo Portas chegou ao fim”.

Também Victor Manuel Cardoso, bancário, faz jus à eleição de Assunção Cristas e acha que, agora que o partido tem “uma marca mais feminina”, vai mobilizar “muitas mulheres”. “As mulheres em Portugal estão mal aproveitadas na política, apesar de haver muitas mulheres com categoria para serem primeiras-ministras”, diz. Numa conversa informal com o PÚBLICIO nos corredores do XXVI Congresso, este militante centrista elogia Portas, mas sublinha que o futuro chama-se Assunção Cristas, que vai conseguir conquistar uma parte do eleitorado do centro que tradicionalmente vota no PSD, “mas esse voto útil vai acabar num futuro próximo, porque o partido de direita somos nós, não é o PSD”.

Satisfeitos com a mudança estão os militantes com muitos anos de partido. Elias Rodrigues, militante do CDS desde sempre, tem 73 anos e olha com toda a serenidade para a renovação e, de alguma forma, com algum alívio. Militante número 43, este homem de Vila Pouca de Aguiar, que tem uma vida ligada à pecuária, acompanha o partido há muitos anos e há muito tempo que ouve dizer que Paulo Portas “é acusado de muita coisa”. Não sabe se as acusações que lhe fazem são verdadeiras ou falsas, mas não tem dúvidas que “têm reflexos no partido” e por isso considera que “fez muito bem em sair, porque o partido precisa de ir mais longe e com ele na liderança o CDS não crescia”.

“Se Assunção Cristas conseguir elevar o partido acima dos 12%, o doutor Portas não regressa; se isso não acontecer, o Paulo Portas regressa. Não tenho dúvidas quanto a isso, porque haverá uma vaga de fundo dos militantes que o vão buscar, tal como aconteceu com Ribeiro e Castro”, vaticina.

Sofia Pires e Borges, que esteve no congresso de Gondomar como observadora, olha para Assunção Cristas como a mulher que pode renovar o partido, pela mulher que é, o seu “perfil consensual”. Cristas e Portas são diferentes, pois claro, mas para si isso não é um problema: “O partido tem que olhar para a frente e já cresceu a partir do momento em que a nova líder começou a fazer campanha”, realça. Garante que os militantes lidam bem com esta renovação e diz mesmo que “o CDS sorri com esta mudança” e que ela pessoalmente não vai estar com “o coração nas mãos, porque Assunção Cristas vai ser uma grande líder para o nosso partido”.

Na hora da mudança, Paulo Portas sente-se sem lugar e é o próprio que o diz. ”Onde é que eu me sento?”, pergunta a João Almeida, que se encontrava na zona reservada aos jornalistas.  E acrescentou: “Sabe o que Filipe González dizia sobre os ex-presidentes? São como os jarrões chineses, muito bonitos, mas não sabemos onde os pôr”.

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