Ai Weiwei é o homem cinco estrelas da rentrée londrina

A muito esperada exposição do dissidente chinês é a melhor coisa a passar pela Royal Academy em anos, diz a imprensa britânica.

Fotogaleria
Straight
Fotogaleria
Straight
Fotogaleria
Straight
Fotogaleria
Ai Weiwei com os jornalistas no pátio da Royal Academy
Fotogaleria
He Xie, caranguejos de porcelana
Fotogaleria
He Xie
Fotogaleria
Ai Weiwei
Fotogaleria
Stroller
Fotogaleria
S.A.C.R.E.D.
Fotogaleria
S.A.C.R.E.D.
Fotogaleria
Coloured Vases
Fotogaleria

Expectations kill”, dizem os anglófonos. E é verdade. Às vezes as expectativas matam. Mas não no caso de Ai Weiwei, parece. Depois de individuais dedicadas a nomes como David Hockney, Anish Kapoor e Anselm Kiefer, a muito aguardada exposição de rentrée da Royal Academy, dedicada ao dissidente chinês, é “a melhor coisa” a passar “em anos” por um dos mais emblemáticos espaços expositivos londrinos, diz a imprensa britânica.

“Aqueles que duvidaram da integridade e da seriedade de Ai ou das suas qualidades como artista encontrarão muito em que reflectir”, escreve Adrian Searle, o crítico do The Guardian, que dá cinco estrelas à mostra que este sábado abre ao público (fica até 13 de Dezembro). Cinco estrelas também no The Independent, onde se lê: “A exposição serve de dupla celebração. Honra a recente devolução ao artista do seu passaporte (apreendido pelo Governo chinês em 2011) e o facto de ele poder [agora voltar a] viajar. É uma exposição coerente e belamente instalada. Dará ao público oportunidade de analisar este extraordinário artista tanto na sua faceta de 'activista’ quanto de experimentar o puro prazer estético imbuído no seu uso de materiais e no seu virtuosismo técnico, de escala e repetição.” E cinco estrelas ainda no The Times: “É o artista vivo mais famoso do mundo. A Royal Academy fez uma bela jogada (...). Podemos ter tido oportunidades anteriores de avaliar o seu talento – no Turbine Hall da Tate Modern, na Lisson Gallery ou no Blenheim Palace –, mas esta exposição apresenta uma oportunidade de dar um passo atrás e pesar a sua contribuição cultural.”

Uma contribuição multidimensional: a arte de Ai Weiwei é rica em referências ao minimalismo e ao conceptualismo, mas também sempre se enraizou profundamente na experiência de vida pessoal do artista e no lugar que ocupa na sociedade chinesa, refere Searle; a sua frontalidade ao abordar problemáticas sociais fracturantes – entre elas as que emergem por entre os fios do desenvolvimento da sociedade chinesa – não entra em conflito com essa trama referencial, sublinha o crítico do Guardian.

Comissariada em colaboração com Ai Weiwei, que trabalhou a partir do seu estúdio de Pequim, enquanto estava ainda impedido de viajar, a exposição da Royal Academy começa com obras datadas do momento em que o artista voltou à China vindo dos Estado Unidos, em 1993. O arco vem até ao presente, com trabalhos feitos especificamente para as salas e os pátios da Royal Academy. “Com a ousadia habitual, os trabalhos escolhidos exploram uma multiplicidade de temas desafiadores, partindo da experiência pessoal do artista para comentar a liberdade criativa, a censura e os direitos humanos, bem como examinar a arte e a sociedade chinesas contemporâneas”, lê-se no site da Royal Academy.

“A forma como as coisas são feitas interessa tanto no trabalho de Ai como o que está a ser feito, desfeito e refeito”, escreve ainda Searle. É mais do que demonstrar a excelência da arte chinesa no trabalho com materiais como a madeira, o mármore ou o metal. “Essas qualidades, com a sua longa história, não são redundantes, apesar de tanto se ter perdido na pulsão chinesa rumo à modernidade, numa névoa de poluição e destruição. Não tanto um fazedor de coisas quanto um encenador, comissário e orquestrador, Ai percebe as especificidades dos temas e materiais, [tanto] no que significam quanto no que podem fazer.”

Foto
LEON NEAL/AFP

Sugerir correcção
Comentar