Por Detrás do Candelabro

Soderbergh, sobre aquele que (mais uma vez...) vem dizendo ser o seu último filme para o mercado cinematográfico, realça que o que lhe interessou neste pedaço da biografia do entertainer Liberace, foi mostrar os efeitos do tempo e de um espaço, fechado, numa relação: o roncar de Michael Douglas (Liberace) a perturbar o sono do amante (Matt Damon), Douglas sem peruca, Damon sem cuecas... O formato que criou na rodagem, permitindo aos actores todos os dias terem uma ligação a um site onde viam o que tinham rodado, constituindo-se um arquivo do arco relacional entre as personagens, instalou um up close and personal. Isto apesar da tendência para o jogo de máscaras que existe - literalmente, porque houve pelo menos três próteses para as caras e corpos de Damon e Douglas: quando se conhecem, quando resolvem socorrer-se da cirurgia plástica e depois disso. Mas se Behind the Candelabra pode ser mais um argumento para o que começa a ser um cliché sobre a “nova idade dourada” da TV, nunca contorna formatos: se formos a ver, e isso pode dizer-nos algo sobre a tal “idade dourada”, nunca quebra o molde behind the curtains, que pode ser o candelabro ou o armário, com que a televisão entrega de bandeja uma certa ideia de íntimo.

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