Trata-se de uma das boas surpresas do ano, um filme de câmara, todo em surdinas e tons menores, lança sobre a morte e a perda um olhar intenso e distanciado. Pensado parcialmente como veículo para actores (Sissi Spacek possui a capacidade de vestir a pele da personagem com a genialidade das coisas simples), até porque as personagens se abrem a complexidades várias, não deixa de ser injusto esquecer o realizador Todd Field para as nomeações ao Óscar: há um promissor olhar de cinema nesta primeira obra, uma precisão de "timing", uma enorme tensão entre o olho da câmara e a gestão dos sentimentos perdidos em filigrana, registados num silêncio compungido e pudico. O "thriller", pequeno filme dentro do filme, conforma-se à essência dos objectivos - encenar a solidão da perda e o desespero da impotência, sem se armar em conto moral de leitura controlada. Há uma liberdade e um desejo de cinema que comovem até às lágrimas. Absolutamente obrigatório.
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