Nas graças dos bem pensantes

Dizer que "Ghost Dog" é o melhor dos últimos filmes de Jim Jarmusch não significa muito: depois do "western" congelado e bocejante que dá pelo nome de "Homem Morto" que a certidão de óbito parecia eminente. Por isso, este "thriller pasteurizado" para consumo de quem se deleita com objectos artísticos (o termo pejorativo "arty" não tem tradução portuguesa pronta), faz, apesar de tudo, figura de interessante objecto, com um aproveitamento curioso da corpulência desajustada e vulnerável de um grande actor de dificílimo "casting", Forest Whitaker. No entanto, o que fica por detrás dos sinais esvaziados de um cinema que não tem já nada para dizer, senão a sua própria auto-exaustão? Há quem se deslumbre com a miragem de um "cinema cansado", espelho de um "malaise" que Jarmusch nunca sabe detectar. E há quem apenas se canse perante um exercício formalista sobre todos os vazios. Por enquanto Jarmusch está nas graças dos bem pensantes. Até quando? Lembram-se de Wim Wenders?

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