Erdogan quer extraditar o seu arqui-inimigo Gülen dos EUA

O líder da poderosa confraria turca é acusado de querer derrubar o Governo do AKP

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Erdogan prometeu "ajustar contas" com os seus inimigos Umit Bektas/Reuters

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou nesta terça-feira que o seu Governo vai pedir aos Estados Unidos a extradição do seu antigo aliado e agora arqui-inimigo, Fethullah Gülen, que ele acusa de conspiração.

“Vai avançar”, respondeu Erdogan aos jornalistas que o interrogaram no Parlamento depois do discurso semanal aos deputados do seu partido, o AKP.

Aos 72 anos, Gülen vive desde 1999 num exílio auto-imposto na Pensilvânia, na costa Leste dos EUA, e é a partir daí que dirige um poderoso movimento sócio-religioso que conta com vários milhões de membros na Turquia, sendo muito influente na polícia e na magistratura.

O primeiro-ministro turco acusa o movimento de Gülen, durante muito tempo seu aliado, de estar na origem da fabricação e divulgação de um enorme escândalo de corrupção que ameaça o Governo islamista desde o final do ano passado. No poder desde 2002, Erdogan declarou guerra ao homem que constituiu “um Estado dentro do Estado” destinado a provocar a sua queda.

Gülen e os seus fiéis negam categoricamente estas alegações. A relação entre o líder da confraria mais influente da Turquia e o líder do poderoso AKP começou a azedar depois do Governo ter ordenado o encerramento de dezenas de escolas financiadas por Gülen. A rede escolar da confraria é uma enorme fonte de financiamento para Gülen e um poderoso instrumento de influência na sociedade turca.

Na noite da vitória eleitoral nas municipais de 30 de Março, o líder do AKP prometeu que iria “ajustar contas” com os seus inimigos.

Numa entrevista transmitida na segunda-feira à noite no canal norte-americano PBS, Erdogan avisou que Gülen também pode representar uma ameaça para a segurança dos EUA. “Estes elementos que ameaçam a segurança nacional da Turquia não podem ser autorizados a existir em outros países porque aquilo que nos fazem a nós, também podem fazer a quem os acolhe”, disse o líder turco.

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