O canal americano NBC antecipou, para a próxima semana, o anúncio das novas séries que irá apresentar na próxima temporada. Uma delas será “The New Normal” e retrata uma família que junta um casal gay e a mulher que, enquanto barriga de aluguer, carrega o filho deles.

O título diz muito do que está em jogo e o momento em que será anunciado confirma uma tendência nos Estados Unidos, notada esta semana pelo jornal New York Times: cada vez mais as séries de televisão retratam a vida de casais gay ou de lésbicas, com ou sem filhos; e cada vez menos esses programas são objecto de queixas e campanhas dos sectores mais conservadores da sociedade.

“Modern Family” – esta série conta a história de um casal gay, Mitch (Jesse Tyler Ferguson) e Cameron (Eric Stonestreet), que tenta adoptar um segundo filho – recebeu o prémio da Catholics in Media Associates (CIMA), de Melhor Programa da Televisão de 2012, numa cerimónia em Los Angeles há duas semanas.

Este prémio junta-se ao Globo de Ouro e aos vários Emmys, a prémios da associação de críticos de televisão, entre outros que “Modern Family” recebeu desde que pela primeira vez foi para o ar em Setembro de 2009, na ABC (em Portugal, na Fox).

“Modern Family” foi no passado alvo de campanhas e queixas de telespectadores. Agora, é a própria associação católica a avaliar positivamente o programa: “Esta [série] permanece de longe a número um”, notou a associação que considerou ainda, no seu comunicado, que “Modern Family” “captava na perfeição a experiência da parentalidade”.

Para o New York Times, este prémio é apenas um entre outros sinais da crescente aceitação na sociedade norte-americana de séries que retratam modelos de família não convencionais ao mesmo tempo que o debate sobre direitos dos homossexuais ressurge na campanha para as eleições presidenciais de Novembro. Depois de, no domingo, o vice-Presidente norte-americano, Joe Biden, católico, ter dito ser favorável ao casamento gay, três dias depois foi o próprio Presidente Barack Obama a assumir que mudou de opinião sobre o assunto desde a campanha para as presidenciais de 2008, e que agora apoia o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

“Hoje é raro ouvir-se uma queixa” contra uma série na televisão que retrate uma família gay, escreve o New York Times que cita exemplos de séries que, cada vez mais, introduzem na história personagens homossexuais como “Smash” ou “Anatomia de Grey” onde, neste último, Arizona e Callie se adaptam à vida “a duas” depois de terem dado o nó.

Entre várias séries que retratam esta realidade, “Modern Family” é apenas o exemplo mais popular, continua o New York Times – e aquela de que Mitt Romney, candidato que lidera as primárias do Partido Republicano para as presidenciais, é fã incondicional.