Vicenzo Perugia roubou Mona Lisa há 100 anos e sonhou entregá-la a Florença

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Ladrão foi detido e condenado a quase dois anos de prisão Reuters

Foi há cem anos que o quadro mais famoso do mundo desapareceu. A 21 de Agosto de 1911, o quadro de Mona Lisa foi roubado do museu Louvre, em Paris, e foram precisas 26 horas para que alguém desse conta da sua ausência. O roubo não foi difícil, o ladrão só teve de vestir uma bata branca (roupa usada pelos funcionários do museu) para passar despercebido.

A pintura, da autoria de Leonardo Da Vinci, um dos grandes mestres do Renascimento, foi roubada durante a manhã sem ninguém dar por isso. No ano em que se deu o desaparecimento do quadro de Mona Lisa, a segurança do museu não era das mais eficazes, tendo apenas 150 guardas que protegiam um quarto dos milhões de objectos expostos. Antes do furto do quadro de Mona Lisa, já tinham sido muitas as obras que tinham desaparecido do museu francês.

Na noite em que o roubo aconteceu, Vicenzo Perugia, funcionário do museu, escondera-se num armário da sala onde estavam expostas as obras da era do Renascimento, incluindo o quadro de Mona Lisa. O ladrão passou toda a noite dentro do armário. Na manhã seguinte, depois de as empregadas da limpeza terem saído, Perugia tirou o quadro da parede sem ninguém se aperceber. O planeamento do roubo demorou três meses.

Vicenzo Perugia escondeu a obra durante dois anos no seu apartamento em Paris e depois viajou até Itália com o quadro. Ninguém o descobriu até que ele próprio decidiu tentar vender a obra de arte a Alfredo Geri, que se negou a comprá-la e o denunciou às autoridades francesas. O ex-funcionário do Museu Louvre foi então detido e condenado pelo furto.

O desaparecimento

O poeta francês Guillaume Appollinaire e o pintor espanhol Pablo Picasso foram interrogados na sequência do roubo da obra-prima. Porém, as autoridades chegaram à conclusão que os dois artistas nada tinham a ver com o desaparecimento.


No dia seguinte ao roubo, muitos jornais nacionais e internacionais faziam manchete com o desaparecimento da pintura renascentista.

Um dos mistérios que nunca poderá ser desvendado é se de facto, o quadro foi mesmo levado por uma só pessoa. A obra de Leonardo Da Vinci era pequena, mas pesada. O quadro com dimensões entre 76,8 x 58 centímetros foi emoldurado com uma talha de madeira, frequentemente usada no Renascimento. Era uma obra pesada para ser carregada por um só homem.

Em 1913, Alfredo Geri informou a localização de Perugia à polícia, depois de ter sido contactado através de uma carta, pelo ladrão. Nessa carta, Perugia dizia que queria devolver o quadro a Itália, mas em contrapartida exigia 500.000 libras.

O ex-funcionário confessou tudo em tribunal, defendendo que só tinha roubado a obra de arte, porque era uma peça que pertencia a Itália e não a França. O ladrão foi condenado a um ano e quinze dias de prisão pelo furto. Vicenzo Perugia morreu em França, em 1947.

Celebração centenária com documentário

“The Missing Piece” é um documentário que está a ser realizado há décadas pelo realizador Joe Medeiros. No entanto, o filme não foi terminado para o dia do centenário, mas o realizador terá enviado cópias a alguns jornalistas.


À medida que realizava o filme, Joe Medeiros começou a sentir uma afinidade por Perugia e terá arranjado uma placa memorial em Dumenza, a sua terra natal. O jornal The Art Newspaper cita o realizador: “Para mim, ele não era nenhum criminoso. Estava cansado do seu trabalho e estava fisicamente doente. Odiava ser desprezado".

O difícil regresso à Itália

A Itália não desiste de lutar por Mona Lisa. No final de Julho o Comité Italiano para a Valorização dos Bens Históricos, Culturais e Ambientais avançou com uma petição com o objectivo de conseguir que o quadro deixe o Museu do Louvre em 2013 e voe para Itália.


Mas, o Museu do Louvre já deixou bem claro que não pretende deixar “Gioconda”, posição que não desmoralizou os promotores da petição na recolha de assinaturas. O grupo de investigadores italianos apresentou um projecto onde alega que Mona Lisa deveria regressar à pátria do artista florentino.

São necessárias 100 mil assinaturas para que o documento possa ser entregue aos ministros da Cultura de França e de Itália.

Silvano Vinceti, presidente do comité, explicou ao jornal italiano La Repubblica que a ideia é estender a recolha de assinaturas a outras cidades, nomeadamente em França. E, ao mesmo tempo, acelerar o projecto Museu Leonardo, que deverá nascer em Florença e reunir a maior parte das obras do pintor.

Mas os apoios e o projecto não convencem de todo o Louvre, que tem insistido que a obra está demasiado fragilizada para poder aguentar uma viagem sem ficar irremediavelmente danificada.

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