Facebook Home não é para todos, dizem críticas

A nova aplicação que substitui a interface de alguns Android é mais uma tentativa da rede social chegar a utilizadores que já admitiu serem um desafio em termos de rentabilização.

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Zuckerberg quer substituír o conceito de telemóveis centrados em aplicações Justin Sullivan/Getty Images/AFP

A aplicação Facebook Home, com que a rede social está a tentar tornar-se o ponto de entrada pelo menos nos telemóveis Android, está disponível a partir desta sexta-feira, apenas nos EUA e apenas em alguns modelos – mas quem não for um utilizador devoto do serviço poderá não se sentir em casa, dizem as primeiras análises.

O Facebook Home substitui a interface típica do Android por uma experiência centrada no Facebook. O primeiro ecrã (bem como o ecrã quando o telemóvel está bloqueado) mostra as actualizações e publicações da rede de “amigos”, sobrepostas a imagens que estes tenham publicado.

Com a aplicação, as ferramentas de interacção e de comunicação do Facebook tornam-se mais acessíveis – logo a partir do primeiro ecrã é possível fazer “gostos” e comentários nas publicações, ou usar a ferramenta de chat. Independentemente da aplicação que se esteja a usar, num telemóvel com Facebook Home, sempre que um “amigo” conversa com o utilizador a partir do chat, surge um pequeno círculo com a imagem de perfil, no qual é possível clicar para continuar a conversa.
O problema, notaram algumas das análises na imprensa americana, é que o Facebook Home relega para segundo plano todas as restantes aplicações.

“[Há] boas funcionalidades de que muitos utilizadores do Facebook vão gostar, mas não há muito mais no Facebook Home (...) muitos utilizadores avançados podem não gostar de ter de fazer mais gestos e toques no ecrã para chegar às suas aplicações”, escreveu o Los Angeles Times – que exemplifica com a aplicação de câmara: tirar uma fotografia demora uns segundos extra, o que pode significar perder o momento que se quer fotografar. “O Home é ideal para pessoas cujas vidas estão centradas no Facebook. Os outros podem não se sentir em casa”, escreveu por seu lado a Associated Press.

Já a Wired fez uma crítica globalmente positiva ao Facebook Home, embora tenha notado alguns problemas, como falhas na sincronização de contactos. Para além disso, notou que a experiência poderá vir a deteriorar-se quando uma aplicação que praticamente toma conta de toda a interface começar a mostrar anúncios publicitários.

O Home está disponível apenas num número restrito de modelos com Android e não é provável que seja lançado noutras plataformas. Enquanto o Android é um sistema de código aberto que pode ser modificado à vontade por qualquer pessoa, sistemas como o iOS e o Windows Phone são fechados e é praticamente certo que nunca permitiriam que o Facebook alterasse radicalmente a experiência de utilização. Por outro lado, os Android têm cerca de 70% do mercado de smartphones, o que dá espaço para que a rede social possa ter esperanças de estender o conceito à maioria dos utilizadores destes telemóveis – aqueles que a empresa já admitiu representarem um desafio em termos de rentabilização.

“Os nossos telefones estão desenhados em torno de aplicações, não de pessoas. E queremos dar a volta a isso”, afirmou Mark Zuckerberg, na altura do anúncio do Facebook Home, na semana passada. O fundador e director executivo da rede social referia-se ao facto de os sistemas operativos para smartphones apresentarem sobretudo um leque de aplicações – de notícias a email, de meteorologia a jogos – quando o utilizador acede ao telemóvel.

A Microsoft apressou-se na altura a reagir ao Home. Um artigo num blogue oficial da empresa referiu que o sistema Windows Phone já tem uma abordagem semelhante. Por exemplo, ao permitir que cada contacto do utilizador seja um ícone no primeiro ecrã do telemóvel, que mostra as actualizações daquela pessoa em várias redes sociais; e ao agregar num mesmo contacto no telemóvel os múltiplos perfis dessa pessoa em serviços como o Facebook  e o Twitter.

O Home surge na altura em que um grupo de várias empresas (entre as quais a Microsoft e a Nokia) formalizou uma queixa junto da Comissão Europeia em que alegam que o Google está a abusar da posição dominante do Android, ao fazer com que os fabricantes de telemóveis tenham de integrar, e colocar numa posição proeminente na interface, as aplicações e serviços da empresa, como o YouTube, o Gmail e os Mapas.

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