Quatro investigações em curso ao descarrilamento de comboio na Galiza

Tribunal Superior de Justiça da Galiza, Comissão [espanhola] de Investigação de Acidentes Ferroviários, Adif e a CP e a Renfe (estas últimas em inquérito conjunto) estão a averiguar o acidente.

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Nelson

O descarrilamento do comboio Celta na estação de O Porriño na passada sexta-feira, que provocou quatro mortos, está a ser alvo de quatro inquéritos, um dos quais mandado instaurar pelo Tribunal Superior de Justiça da Galiza, para apurar eventuais responsabilidades criminais.

Ao nível técnico, a Comissão de Investigação de Acidentes Ferroviários (CIAF), em Espanha, está também a averiguar o acidente, contando com a colaboração do organismo homólogo português, o Gabinete de Investigação de Segurança e de Acidentes Ferroviários (GISAF). A participação desta entidade portuguesa deve-se ao facto de o maquinista ser português e de o comboio acidentado ser operado conjuntamente pela CP e pela Renfe.

Na sua página da Internet, o GISAF explica que a sua actuação nesta fase “consistirá na recolha de informação relevante em Portugal sobre o material circulante envolvido e sobre o maquinista, uma vez que o CIAF não tem competência para o efeito no nosso país”. As investigações levadas a cabo tanto pelo CIAF como pelo GISAF visam descobrir as causas dos acidentes e fazer recomendações para a melhoria da segurança ferroviária. Por isso, o seu funcionamento é independente dos operadores ferroviários e das empresas de gestão de infra-estruturas ferroviárias. No seu site oficial, o GISAF sublinha que nas investigações técnicas não atribui culpas ou responsabilidades, sendo nesse ponto "independente de outras investigações judiciais ou disciplinares".

Também a CP e a Renfe, enquanto operadores ferroviários, iniciaram um inquérito conjunto para apurar as causas do acidente, além da Adif, que é a entidade responsável pela infra-estrutura ferroviária em Espanha.

Esta multiplicidade de agentes nos inquéritos deve-se às particularidades que caracterizam a operação do comboio que descarrilou. O Celta, enquanto serviço comercial, é um comboio luso-espanhol, explorado conjuntamente pela CP e pela Renfe, partilhando as receitas e as despesas do serviço. Daí que, por exemplo, o comboio possa ser conduzido, dos dois lados da fronteira, por maquinistas portugueses e espanhóis.

Já quanto à propriedade do material, as automotoras 592 que fazem este percurso são espanholas e foram alugadas à CP. A Renfe é a sua proprietária, mas a CP usa várias destas unidades nas suas linhas do Minho, do Douro e do Oeste. Porém, nas primeiras horas que se seguiram ao acidente, a Renfe anunciou que o comboio em causa era português, vindo a corrigir o erro mais tarde, no comunicado publicado no seu site oficial.

O ministro espanhol de Fomento, Rafael Catalá, anunciou que os presidentes da Renfe e da Adif, Pablo Vázquez e Gonzalo Ferre Moltó, respectivamente, deverão comparecer no Parlamento, em Madrid, para informar os deputados sobre o acidente.

O descarrilamento deu-se no sentido Vigo-Porto, quando o Celta entrou para uma linha alternativa da estação de O Porriño a mais de 100 Km/hora, quando não deveria ir a mais de 30 Km/hora.

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