Seguro recorda protagonista da construção da democracia

Cavaco Silva foi prestar homenagem ao presidente honrário do PS, mas não fez comentários.

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Adriano Miranda

O ex-secretário-geral do PS António José Seguro recordou esta quarta-feira o presidente honorário socialista Almeida Santos como um protagonista da construção da democracia, sublinhando a sua tendência para os consensos e a forma como punha "água na fervura".

"Recordo-o como um dos principais protagonistas da construção da democracia portuguesa, da sua consolidação, da edificação do Estado democrático de direito, não apenas através das leis, como já alguns salientaram, mas também através da acção e da sua palavra", afirmou António José Seguro, em declarações aos jornalistas à saída da Basílica da Estrela, em Lisboa, onde o corpo de Almeida Santos está em câmara ardente.

Salientando a forma como o antigo presidente da Assembleia da República "cultivava muito bem a língua portuguesa", escrevendo e falando "como poucos", António José Seguro destacou ainda a "ironia aveludada" e o sentido de humor de Almeida Santos.

"Foi um homem sempre com uma grande disponibilidade e dedicação para a causa pública, para a actividade pública, para a actividade partidária, punha quase sempre água na fervura, ele tinha uma tendência enorme para os consensos, para a união, para sarar feridas", acrescentou, manifestando a certeza de que "o nome de Almeida Santos vai continuar a ser ouvido, escutado e falado com respeito".

António José Seguro lembrou ainda o último almoço que teve com Almeida Santos, no qual o presidente honorário do PS contou muitas histórias "que é pena não se saberem", sublinhando que guarda esses momentos como "um sinal e um testemunho de confiança e estima pessoal".

"Tenho também muito, muito respeito e recordo o momento em como secretário-geral do PS tive a oportunidade e a honra de o propor para presidente honorário do PS", referiu ainda.

Adriano Moreira lembra a obra escrita
Pela Basílica da Estrela têm passado muitas personalidades do país. O Presidente da República foi uma das primeiras personalidades a prestar homenagem esta quarta-feira de manhã ao presidente honorário do PS e antigo presidente da Assembleia da República. Eram cerca de 10h15 quando Cavaco Silva, acompanhado pelo chefe da Casa Civil da Presidência da República chegou à Basílica da Estrela.

Antes do Presidente da República, que não prestou declarações aos jornalistas, tinha já entrado na Basílica da Estrela o antigo presidente do CDS Adriano Moreira. "É uma grande perda que nós temos, mesmo na circunstância atual do país. O bom senso, o sentido de equilíbrio, o respeito pela diferença, próximo, tudo isso quando as situações são difíceis avultam mais como indispensáveis", afirmou aos jornalistas.

Adriano Moreira realçou ainda o papel de António Almeida Santos como "interventor na Assembleia [da república] de uma qualidade excecional" e que "deixa grande uma obra escrita". "São dezenas de volumes e depois era um amigo de uma fidelidade total e sempre de uma devoção completa pelos interesses do país e pelo seu partido", salientou.

O constitucionalista e ministro do Ultramar no regime de Oliveira Salazar, entre 1961 e 1963, lembrou que conheceu o presidente honorário do PS em Moçambique, onde este viveu entre 1953 e 1974, dizendo que era um "advogado reputadíssimo".

"Era provavelmente o melhor advogado da província e lembro-me de alguma intervenção que foi necessário porque houve umas eleições e ele não tinha junto ao processo o bilhete de identidade para provar que era português. Isso conseguiu ser resolvido", recordou.

Desde terça-feira, já passaram pela Basílica da Estrela,  além de familiares e amigos, personalidades da política, da finança e do meio artístico. Entre eles o antigo presidente da Assembleia da República Mota Amaral, a procuradora Geral da República, Joana Marques Vidal, o ex-líder do CDS-PP Ribeiro e Castro, o antigo ministro socialista Alberto Costa, a deputada do PS Sónia Fertuzinhos e o deputado do partido ecologista Os Verdes José Luís Ferreira.

A Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) manifestou também pesar pela morte de António Almeida Santos. "Foi um ministro fundamental em vários Governos após o 25 de Abril, deputado, figura central como grande legislador da nossa vida democrática nas últimas quatro décadas", salienta a SPA em comunicado.

 

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