Segunda escolha para uma pasta sem peso

Carlos Moedas foi o nome escolhido por Passos Coelho para ser comissário europeu.

O processo para a escolha do representante de Portugal na Comissão Europeia foi mal conduzido desde o início. E terminou de uma forma quase humilhante e até injusta para o português que será o novo comissário europeu, Carlos Moedas. Depois de duas décadas de Durão Barroso à frente da Comissão Europeia, já seria de esperar que Portugal ficasse afastado das pastas com mais peso em Bruxelas. E seria até estranho que Portugal conseguisse ficar com uma pasta de peso como os Assuntos Económicos, depois de nos últimos três anos ter sido alvo de um programa de resgate da troika.

Mesmo não ambicionando ter uma pasta de peso na Europa, o Governo tinha a obrigação de tentar chegar a um acordo com os partidos da oposição, sobretudo com o PS, para que o nome do comissário europeu tivesse um mínimo de consenso possível. Quem olha de fora para o país e vê metade do Parlamento a tentar enxovalhar Carlos Moedas fica com a sensação de que o actual secretário de Estado é um incompetente, o que não corresponde à realidade. É verdade que, ao contrário do que dizia Nuno Melo do CDS-PP esta quinta-feira, o actual adjunto de Passos não tem peso político. Mas isso não atesta nada em relação à capacidade que terá ou não para desempenhar bem o cargo.

Mas se é verdade que já tinha pouco peso político, com menos peso ficou depois de o Governo ter deixado sair para fora a informação de que Passos até ponderaria abdicar da sua ministra das Finanças, se Juncker desse a Portugal uma pasta com relevância. Pelos vistos não deu e Maria Luís Albuquerque vai continuar no Terreiro do Paço. E Carlos Moedas, que desde a partida da troika ficou sem o que fazer no Governo, segue para Bruxelas com o peso de ter sido uma segunda escolha para uma pasta que se advinha irrelevante.
 

  



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