"Nós temos provas dadas", afirma Passos Coelho

No dia em que assinaram o acordo para as Legislativas, PSD e CDS ensaiaram o discurso da campanha: a “responsabilidade” da coligação contra as “facilidades” dos socialistas.

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Passos Coelho e Paulo Portas em Guimarães Pedro Lima/Nfactos

Passos Coelho e Paulo Portas juntaram-se no berço de Portugal para fazerem o discurso da "responsabilidade" contra o das "promessas fáceis". Em Guimarães, onde celebraram o primeiro aniversário da saída da troika com a celebração do acordo de coligação, os dois líderes usaram o mesmo tom. "Nós temos provas dadas", disse Passos. "Missão cumprida", disse Portas. E passaram ao ataque ao PS.

O PS esteve bastante presente durante a sessão deste sábado. Também o líder do CDS, Paulo Portas, tinha, minutos antes de Passos Coelho, criticado as estimativas de criação de emprego do PS. “Desconfiam daqueles que vos prometem empregos que nunca criaram”, afirmou.

Já o presidente do PSD não só criticou as promessas que António Costa tem feito, como lançou algumas farpas para o interior do maior partido da oposição. “Parece que, pela oposição, se começa a perguntar se a vitória está assim tão adquirida”, afirmou, pouco depois de lembrar a recente mudança na liderança dos socialistas.

Aos olhos do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, há duas formas antagónicas de encarar a escolha que os portugueses vão fazer nas próximas eleições legislativas. De um lado há “responsabilidade, prudência e exigência” da coligação entre PSD e CDS; do outro, “promessas fáceis, ilusões e facilidades”, que são as propostas que têm sido apresentadas, ao longo das últimas semanas, pelo PS. “Não entraremos nesse leilão”, prometeu o líder do PSD.

“Desenganem-se aqueles que acham que têm direito natural a governar”, acrescentou ainda Passos, criticando a “esquerda natural”, que pensa voltar ao Governo “agora que arrumamos a casa e pagamos as dívidas”.

“O que está em jogo é muito fácil de perceber: queremos construir alguma coisa de positivo em cima do que já alcançamos, ou queremos voltar ao tempo da incerteza e da dívida”, sintetizou Pedro Passos Coelho. O líder do PSD traçou, várias vezes ao longo dos discursos deste sábado, as diferenças entre PS e a coligação: “Nós temos provas dadas”.

O primeiro-ministro voltou a prometer que o défice das contas públicas ficará, no final deste ano, abaixo de 3%, o que acontecer será a primeira vez desde a entrada de Portugal no Euro. Antes, Paulo Portas tinha contado uma história “verdadeira” e que “por isso, é poderosa”, lembrando o pedido de resgate em 2011 e os passos dados pelo Governo desde então, valorizando os indicadores que mostram os bons resultados da governação em termos financeiros: a “saída limpa” do programa da troika, há precisamente um ano; a antecipação do pagamento do empréstimo ao FMI e o desemprego na “trajetória certa”.

Bandeiras nacionais, não de partidos
PSD e CDS escolheram Guimarães e uma sala onde habitualmente se realizam festas de casamento para celebrar a união para as Legislativas do Outono. Entre os cerca de 1500 apoiantes não se viram símbolos dos dois partidos, apenas bandeiras nacionais e, à entrada para o espaço, responsáveis das duas forças faziam um esforço para convencer os seus apoiantes a não entrarem com adereços laranja ou azuis. O verde e o vermelho das cores nacionais dominavam a sala e “Portugal!” foi a única palavra repetida pelo animador da sessão.

O acordo assinado este sábado por Pedro Passos Coelho e Paulo Portas não trouxe grandes novidades em relação ao que já tinha sido divulgado nas últimas semanas pelos dois partidos, depois do anúncio da coligação, feito a 25 de Abril. Ou seja, as listas conjuntas serão ordenadas tendo em conta os resultados em cada círculo eleitoral nas Legislativas de 2011 e as linhas programáticas terão como ponto de partida o Tratado Orçamental aprovado no Parlamento em 2012 e o Programa Nacional de Reformas e o Programa de Estabilidade que o Conselho de Ministros validou em Abril deste ano.

Relativamente às Presidenciais, os dois partidos defendem o apoio a um candidato em comum, numa escolha que deve ocorrer “preferencialmente após as eleições legislativas”. O documento em que se baseia a coligação sublinha também que apesar das “identidades diferentes” dos dois partidos, PSD e CDS “têm experiência de Governo, cultura de compromissos e capacidade de entendimento”, algo que “não existe noutros sectores políticos”, destacam.

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