Técnicos de diagnóstico decidem se mantêm greve com… inquérito online

Protesto marcado por tempo indeterminado dura há dez dias. Promessa do Ministério da Saúde de fechar na segunda-feira um acordo sobre as remunerações destes técnicos levou o sindicato a decidir perguntar aos associados se devem ou não manter a greve.

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O protesto tem afectado a realização de exames como as radiografias MANUEL ROBERTO

A greve dos técnicos de diagnóstico e terapêutica já dura há dez dias. Para saber se vai haver um 11.º dia de protesto ainda será necessário aguardar algumas horas, uma vez que o sindicato que representa o sector decidiu fazer uma “assembleia geral online” através de um inquérito que coloca nas mãos dos associados a decisão de prolongar ou suspender a paralisação.

“Perante as informações do Ministério da Saúde, confirmando a sua disponibilidade para, nos próximos dias, ser concluído o processo negocial, acautelando a negociação remuneratória em 2017, com aplicação em 2018, deve o Sindicato (STSS) manter a greve decretada? Sim ou Não.” Esta é a pergunta que está a ser feita aos profissionais representados pelo Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica – STSS.

Há um mês o sindicato tinha agendado uma greve que viria a desmarcar perante a garantia do Ministério da Saúde de que iria concluir a curto prazo um acordo sobre as carreiras e remunerações destes profissionais. Desta vez, como explicou ao PÚBLICO o presidente do STSS, Almerindo Rego, aquando do arranque do protesto, a ideia era só desmobilizar quando o acordo estivesse mesmo fechado – acusando a tutela de “má-fé”, por adiar sucessivamente as negociações, com a “desculpa” de que não estava mandatada por a decisão vir do anterior Governo e por não haver ainda acordo do Ministério das Finanças.

Na base da paralisação está um problema que se arrasta desde 1999: a falta de regulamentação das carreiras destes técnicos e as respectivas remunerações, mais as situações recentes de desemprego. Na anterior legislatura, ainda com o então ministro da Saúde, Paulo Macedo, o sindicato conseguiu finalmente um acordo sobre a carreira, mas o enquadramento não ficou totalmente concluído e o tema transitou para o actual ministério de Adalberto Campos Fernandes.

Nesta quinta-feira à noite o sindicato, através de um comunicado, expressou a sua indignação por mais uma vez o Ministério da Saúde ter cancelado um encontro que estava previso para esta sexta-feira. Na nota, o STSS dizia que o ministério tinha cancelado a reunião por não ter sido possível “articularem as questões necessárias com o Ministério das Finanças” e destacava a “gravidade deste gesto”.

Foi para poupar "reuniões inúteis"

No entanto, o novo comunicado desta sexta-feira mostra uma alteração nos ânimos, com o STSS a avançar que o secretário de Estado da Saúde deu garantias de que está a “envidar todos os esforços para, durante este fim-de-semana, se estabelecerem os consensos necessários no seio do Governo”, prevendo-se uma reunião para segunda-feira.

“O Ministério da Saúde não quis encenar qualquer negociação quando não havia, ainda, os consensos necessários dentro do Governo, poupando-nos reuniões inúteis”, reconhece o sindicato, que decidiu auscultar online os associados para tomar decisões sobre os próximos capítulos da greve. No entanto, avisa-se que “a decisão que vier a ser tomada dependerá do número de respostas ser representativo.

Os técnicos em greve representam 18 profissões, responsáveis por áreas como as análises clínicas, a fisioterapia e os exames complementares como as radiografias e os electrocardiogramas. O protesto está a afectar muitos dos exames e cirurgias programadas em que são necessários estes técnicos nos vários serviços dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS). O sindicato tem avançado com uma adesão na ordem dos 80%, mas do lado da tutela não são confirmados números.

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