Técnicos de diagnóstico e terapêutica vão manter-se em greve até que haja respostas do Governo
Ministério da Saúde disse que vai receber o Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica dia 30 deste mês. Até lá a greve continua.
Levaram cartazes, apitos e gritaram por mudanças. Foi assim a manifestação de técnicos de diagnóstico e terapêutica nesta quarta-feira, junto ao Ministério da Saúde, em Lisboa. Estes profissionais exigem a actualização das carreiras. Alegam que são “o único grupo de licenciados do Serviço Nacional de Saúde que não tem uma carreira compatível com o seu nível de qualificação”.
O ministério, em resposta, agendou para dia 30 deste mês uma reunião com o Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica.
A decisão não agradou nem ao sindicato nem aos manifestantes. “A greve vai continuar. Não aceitamos mais cheques em branco”, disse o presidente da estrutura sindical Almerindo Rego.
Já o delegado sindical que trabalha no Hospital Fernando Fonseca, na Amadora, Rafael Bernardo, estima que a adesão à greve tenha rondado os 80% a 85%, mas contactado pelo PÚBLICO o ministério não confirmou estes números.
Armelindo Rego disse ainda em declarações à saída da reunião que “o ministério vai ter de explicar à sociedade porque obriga estes funcionários a estarem em greve”. O “prejuízo será incalculável para os utentes do Serviço Nacional de Saúde”, disse.
Armelindo Rego confirmou ainda que a greve se manterá até que o sindicato seja recebido pelo ministério e seja feita a actualização das carreiras. “Só no meu serviço, hoje, em análises clínicas, foram cancelados 350 utentes”, denunciou.
A deputada do PCP, Carla Cruz, esteve presente para apoiar os manifestantes e afirmou ao PÚBLICO a posição do PCP: “Para manter os profissionais motivados e termos os melhores profissionais temos de os valorizar e isso tem de ser feito por parte das carreiras — para termos um Serviço Nacional de Saúde mais forte.”
Desde 1999 que a carreira destes profissionais não é actualizada, segundo o sindicato. Em 2014, no anterior Governo, “chegou-se a pôr na lei do Orçamento do Estado a imperatividade de revisão da carreira, fizemos a negociação com o anterior Governo na parte do estatuto, que chegou a publicar para discussão pública só que, entretanto, o Governo mudou”, explicou Armelindo Rego.
Este ano, em Fevereiro o actual executivo tinha dito que “deu continuidade ao processo e em nove meses nada”, afirmou ainda.
Carla Maia, há 15 anos a trabalhar na área farmacêutica, contou ao PÚBLICO que desde que iniciou a carreira nunca teve uma actualização do estatuto e da remuneração. “Estamos a ganhar como bacharéis e somos licenciados.”
“Recebemos um grau a baixo daquele que realmente temos”, disse ainda Ana Luísa Silva, farmacêutica há seis anos.
A área de trabalho destes técnicos abrange 22 profissões, três delas por regulamentar, em áreas como análises clínicas, radiologia, fisioterapia, farmácia ou cardiopneumologia, num total de cerca de dez mil profissionais.