PS acusa PSD e CDS de tentarem "boicotar" Orçamento em Bruxelas

BE e PCP colaram o centro-direita à posição da Comissão Europeia.

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João Galamba protagonizou o ataque à direita Rui Gaudêncio

Os deputados João Galamba, do PS, e Campos Ferreira do PSD, protagonizaram o momento mais quente do debate parlamentar desta quarta-feira à tarde. O socialista acusou os sociais-democratas e centristas de tentarem “boicotar” a proposta de orçamento do Estado junto da Comissão Europeia. As duas bancadas recusaram lições de patriotismo.

João Galamba começou por acusar o PSD de “tentar influenciar negativamente a Comissão Europeia no sentido de impor mais austeridade aos portugueses". Depois, alargou a acusação ao CDS e disse haver uma “tentativa de boicote deliberado”.

“Enchem a boca de patriotismo, usam a bandeira na lapela, mas não perdem a oportunidade para minar os esforços do Governo legítimo da República”, atirou o socialista quando interpelava Campos Ferreira, depois de uma declaração política do social-democrata. “Uma vergonha, senhores deputados”, disse, causando a ira na bancada do CDS. Cecília Meireles respondeu: “O que disse aqui é uma vergonha para si, para o seu partido, para todos nós. Nunca julgamos o patriotismo de ninguém. Queremos que as coisas corram bem a Portugal”.

Pelo PSD, Campos Ferreira responsabilizou o PS – “foram só e só os senhores” – pelas alterações ao esboço orçamental. “Em pouco mais de mês e meio mudaram as posições. Quer convencer que entidades independentes como a UTAO estão a mentir, que o Conselho de Finanças Públicas está a pressionar Bruxelas?”, questionou o deputado, rematando: “O senhor deputado pode desejar muito bem a Portugal e aos portugueses, mas não deseja mais do que um membro da bancada aqui sentado”.

Outro social-democrata, Miguel Morgado, viria a sair em defesa do centro-direita, já numa intervenção no âmbito de outra declaração política, a do PS, também sobre OE. “Estamos a assistir ao PS a inventar agora uma narrativa própria das correntes totalitárias, aludindo a supostos inimigos da pátria e traidores nacionais”, disse o antigo adjunto do ex-primeiro-ministro Passos Coelho. Miguel Morgado respondia ao socialista João Paulo Correia, que tinha acusado o PSD de “má oposição”, ao atacar o Governo numa fase de negociações.

Na sua intervenção inicial, Campos Ferreira  tinha defendido que o esboço de Orçamento entregue a Bruxelas não era credível, que tinha causado “danos de reputação” ao Governo, e alertou para um eventual aumento de impostos sobre os automóveis e produtos petrolíferos. É “dar com uma mão e tirar com a outra. E às vezes até pode ser tirar mais de forma indirecta”, sustentou.

BE e PCP não foram tão longe nas acusações ao PSD/CDS sobre o boicote em Bruxelas, mas tentaram colar o centro-direita às posições da Comissão Europeia.  O bloquista Pedro Filipe Soares acusou o PSD de “querer ser o porta voz da Comissão Europeia, ao dizer que a Comissão Europeia perdeu a confiança em Portugal”. E defendeu que o OE vai ser de “reposição” de rendimentos, “quer a direita queira, quer não queira”.

Na mesma linha, João Oliveira, líder da bancada do PCP, refutou as críticas de credibilidade feitas pelo PCP e disse acreditar que a sua “verdadeira preocupação” é com a devolução dos salários. E aí – sublinhou – disse existir um “alinhamento PSD/CDS com a Comissão Europeia” que é “contra os trabalhadores”.

O período de declarações políticas arrancou com uma intervenção de Os Verdes sobre o aumento de salários de administradores de entidades reguladores decididas por comissões de fixação de vencimentos. O tema haveria de ser retomado pelo BE, que anunciou que vai avançar com uma proposta de limitação dos salários dos gestores públicos de topo. 

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