Rui Tavares não perdoa “irresponsabilidade histórica” do Governo

Sampaio da Nóvoa representa “novo perfil de Presidente”. Rui Tavares diz que não estão disponíveis para “ostracizar o debate e a defesa da renegociação e reestruturação da divida”.

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O Livre/Tempo de Avançar pede uma viragem à esquerda nas legislativas e nas presidenciais Daniel Rocha

Os aplausos irromperam na sala quando o cabeça-de-lista do Livre/Tempo de Avançar por Lisboa, Rui Tavares, apelou a um consenso entre todas forças políticas e pessoas “decentes” para uma solução que deixe “a Grécia viver”. E os aplausos não cessaram quando acusou o executivo PSD/CDS de “irresponsabilidade histórica” nas negociações europeias.

No III Congresso do Livre/Tempo de Avançar que decorreu neste domingo em Lisboa, Rui Tavares afirmou que não perdoarão o Governo PSD/CDS por ter sido dos “mais inflexíveis, mais rígidos, mais irresponsáveis” nas negociações europeias e acusou-o mesmo de “irresponsabilidade histórica”. “Antes de a História julgar este Governo, as próximas eleições o julgarão”, afirmou o cabeça-de-lista. E apelou ao Presidente da República para que marque as eleições o mais cedo possível, porque “cada minuto a mais deste Governo” representa mais “uma privatização, uma perda de direitos, uma irresponsabilidade no Conselho Europeu”.

A situação na Grécia mereceu a atenção de várias intervenções. Rui Tavares considerou que aquilo que se está a passar hoje na União Europeia “choca e envergonha”. E lançou um apelo: “Temos de apelar a todos os europeus, de todas as famílias políticas, a toda a gente que pode influenciar o que se passa agora e se vai passar nas próximas horas para que busquem uma solução que deixe a Grécia viver. É preciso deixar a Grécia viver”, afirmou, deixando claro que o apelo é para a esquerda, para o centro, para a direita, para toda a gente que é “decente” e que está preocupada com o “futuro da Europa e do mundo”.

Ana Drago, número dois da candidatura por Lisboa, também apontou baterias ao primeiro-ministro Passos Coelho, à ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque e ao vice-primeiro-ministro Paulo Portas pela “posição absolutamente vergonhosa” de quererem “salvar o seu futuro político” ao tentarem “mostrar que na Europa não havia alternativa à austeridade”. Uma posição, frisou, “contra os interesses dos portugueses e do país e a colocarem a sua voz ao lado da senhora Merkel”. “Não esquecemos que poderia ter sido diferente”, disse.

A memória em relação às consequências da austeridade é algo que Ana Drago quer preservar. “A destruição do país não é um mito urbano, ela aconteceu, nós temos memória e vamos dar testemunho disso.”

Ana Drago fez ainda questão de sublinhar a “incansável disponibilidade do governo do Syriza para fazer negociação atrás de negociação com toda a pressão sobre a sua cabeça e sobre o povo da Grécia”. Também não vão esquecer “nunca” que “as instituições europeias e o FMI quebraram as negociações a partir do momento em que o governo da Grécia anunciou” o referendo sobre a proposta dos credores.

Sobre a questão da dívida, Rui Tavares fez questão de deixar claro que não estão disponíveis para “ostracizar o debate e a defesa da renegociação e reestruturação da divida”: “Não estamos disponíveis para deixar isso à porta do Conselho Europeu”, disse, salientando que se houver um governo apoiado pelo Livre/Tempo de Avançar terá de se comprometer com essa questão.

Além de pedir uma viragem à esquerda nas eleições legislativas, Tavares pediu-a também nas presidenciais. A esmagadora maioria dos membros do Livre/Tempo de Avançar escolheram apoiar o antigo reitor Sampaio da Nóvoa. O ex-eurodeputado considerou que Portugal “merecia melhor” do Cavaco Silva na Presidência da República e que o antigo reitor representa “um novo perfil de Presidente”. 

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