“Passe a imodéstia”, Santana vê-se no perfil traçado por Cavaco para Presidente

Marcelo considera ter as características. Santana diz que “curiosamente” o comentador estaria eliminado “à partida”.

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Pedro Santana Lopes ENRIC VIVES-RUBIO

O Presidente da República defende, no prefácio dos Roteiros IX, que o futuro Chefe de Estado deve ter experiência em política externa. “Passe a imodéstia”, disse aos microfones da Rádio Renascença, Pedro Santana Lopes considera que se inclui no leque dos presidenciáveis com essas características.

Além de si próprio, o ex-primeiro-ministro reconhece como possíveis candidatos a Belém, com essas características, António Vitorino e António Guterres. Durão Barroso também encaixaria no perfil delineado por Cavaco, mas, nota Santana, “afastou-se a ele próprio, não tem sido um nome muito falado”.

Nas mesmas declarações à Renascença, Santana Lopes considera que, “se fosse Cavaco Silva a escolher, alguns estariam eliminados à partida”: Rui Rio, Sampaio da Nóvoa, Carvalho da Silva e “curiosamente” Marcelo Rebelo de Sousa, conselheiro de Estado nomeado por Cavaco Silva, nota Santana.

Já no seu caso, entre outras funções, o actual provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa sublinha o facto de ter sido primeiro-ministro e secretário de Estado da Cultura.

Mas o que defende em concreto Cavaco Silva no prefácio dos Roteiros IX? “Nos tempos que correm, os interesses de Portugal no plano externo só podem ser eficazmente defendidos por um Presidente da República que tenha alguma experiência no domínio da política externa e uma formação, capacidade e disponibilidade para analisar e acompanhar os dossiês relevantes para o país.”

Marcelo também se inclui
Marcelo Rebelo de Sousa também vê no seu percurso as características apontadas por Cavaco para os candidatos às eleições presidenciais de 2016. Em declarações ao Diário Económico, o comentador da TVI e ex-líder do PSD diz ter tido "sorte em fazer política" em momentos-chave da política externa portuguesa e que, "se não tivesse tido essa experiência, seria uma limitação".

Ao Económico, cita a sua "experiência" no período de adesão ao euro (1998) quando fez "com António Guterres uma espécie de acordo de regime para viabilizar três orçamentos" que permitiram a Portugal aderir à moeda única. Recorda ainda que era o primeiro vice-presidente do Partido Popular Europeu na altura da preparação do alargamento a Leste, quando passava metade da semana fora em contactos no âmbito deste processo. E ao mesmo jornal refere ainda o facto de ter sido durante a sua liderança, em Novembro de 1996, que o PSD passou a pertencer ao partido PPE, "o que permitiu que Durão Barroso chegasse a presidente da Comissão Europeia".

À TVI, Marcelo Rebelo de Sousa considera que o perfil traçado por Cavaco Silva é suficientemente abrangente para incluir os vários nomes citados, incluindo o de Santana Lopes, Rui Rio, Sampaio da Nóvoa, Carvalho da Silva e outros: “Acho que inclui Pedro Santana Lopes. Foi eurodeputado. Foi primeiro-ministro, foi secretário de Estado da Cultura e, portanto, acho que é muito abrangente este perfil. Hoje é praticamente impossível uma pessoa que tem a liderança de um partido, a liderança de uma autarquia importante como o Porto, que tem a liderança de uma central sindical, de uma universidade, além de ter cargos internacionais, é muito difícil não estar metido nas relações internacionais”, disse, referindo-se aos diferentes rostos apontados como presidenciáveis.

Contudo, Marcelo não está convencido de que o domínio da política externa seja o requisito chave: “Acho que é mais importante lidar bem com o país. [Nicolas] Sarkozy era óptimo em política externa e perdeu as eleições. O Presidente não é presidente dos europeus, nem dos africanos, nem dos americanos. É dos portugueses. Portanto, sendo fundamental a política externa, é mais importante o poder de concertação interna para o futuro Presidente.”

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