A Coreia do Norte anunciou que irá julgar dois americanos, Matthew Miller e Jeffrey Fowle, que estão detidos há meses por irregularidades nos vistos de turista.

Sabe-se muito pouco sobre o que aconteceu a Fowle e Miller. No caso de Fowle, uma agência de notícias japonesa diz que foi preso depois de deixar uma Bíblia num hotel durante uma visita em final de Abril. Um porta-voz da família disse apenas que o americano de 56 anos, do Ohio, fascinado com cultura soviética, não estava em qualquer missão da sua igreja.

Quanto a Miller, foram as próprias autoridades norte-coreanas que disseram que o americano rasgou, ao chegar, o seu visto de turista no passaporte e declarou que estava no país para pedir asilo político. Miller foi até Pyongyang na altura da realização de uma maratona, um evento que atrai alguns turistas ocidentais, mas a agência de turismo disse que ele não planeava participar naquela prova desportiva.

Ao anunciar os processos contra os americanos, a agência norte-coreana declarou apenas que as “acções hostis” foram confirmadas “por provas e por declarações” de ambos os acusados.

Os EUA já emitiram um aviso contra viagens de turismo à Coreia do Norte por risco de detenção, acrescentando que mesmo a integração num grupo de turismo organizado não põe a salvo os turistas americanos. O regime norte-coreano  já usou a detenção de americanos como meio de pressão sobre os Estados Unidos, forçando visitas de ex-presidentes como Jimmy Carter ou Bill Clinton em troca da libertação de detidos.

Actualmente há outro americano preso na Coreia do Norte, Kenneth Bae, que foi preso em 2012 e condenado a 15 anos de prisão por tentativa de derrubar o regime dos Kim. Os EUA continuam a tentar a sua libertação.

Pyongyang e Washington não têm relações diplomáticas e as conversações da comunidade internacional com a Coreia do Norte para que esta desista do seu programa nuclear estão num impasse.

A Coreia do Norte anunciou ainda na semana passada o seu descontentamento com um filme americano, uma comédia protagonizada por Seth Rogen e James Franco, em que a CIA tenta recrutar dois jornalistas para assassinar o líder norte-coreano Kim Jong-un.

Para além disso, o país disparou nos últimos dias mísseis balísticos, no que foi interpretado como uma demonstração de força do regime norte-coreano face à visita a Seul do Presidente chinês, Xi Jinping, nos próximos dias 3 e 4 de Julho. O descontentamento com a visita é grande já que será a primeira vez em quase duas décadas que um líder chinês visita a Coreia do Sul antes de se deslocar à Coreia do Norte – de que a China é aliado tradicional.

O regime lançou, por outro lado, uma proposta de suspensão de hostilidades à Coreia do Sul. Mas a BBC lembra que em Janeiro a Coreia do Norte publicou uma carta aberta pedindo também o fim de todos os actos militares hostis, mas poucos meses mais tarde esta tentativa terminou com uma série de acusações dirigidas aos presidentes sul-coreano e norte-americano.