Pais e alunos fecham três escolas por falta de recursos humanos e materiais

Duas escolas em Leiria e uma em Barcelos foram encerradas.

Duas escolas do 1.º ciclo do Arrabal, concelho de Leiria, e a básica Integrada de Fragoso, em Barcelos foram fechadas por pais e alunos esta segunda-feira. Em causa está a falta de uma funcionária nos estabelecimentos de ensino de Leiria a a inexistência de um pavilhão gimnodesportivo em Barcelos.

O presidente da Associação de Pais e de Encarregados de Educação das Escolas do 1.ºCiclo e Jardins de Infâncias da freguesia do Arrabal, Filipe Furtado explicou que o “trabalho de uma funcionária iria ser dividido entre as duas escolas”. O que é insuficiente. afinal, as crianças não têm acompanhamento durante o tempo em que a escola não tem auxiliar, “nomeadamente na recepção e saída dos alunos e na sua supervisão nos intervalos”.

A decisão de encerramento das escolas foi tomada numa reunião na sexta-feira, por um período de dois dias, “para dar tempo a que as entidades pudessem dar uma resposta positiva à reivindicação”, acrescentou o dirigente.

Idalina Góis, encarregada de educação, informou que a escola do 1.º ciclo da Várzea, com 20 alunos, está fechada. “As crianças não podem ficar sozinhas durante várias horas e, apesar de estarem professores nas escolas, o acompanhamento dos alunos nos intervalos não é uma tarefa dos docentes”, justificou.

Os pais querem que seja reposto o “horário a tempo inteiro das assistentes operacionais nas escolas do 1.º ciclo de Martinela e Várzea”. Para tal que isso aconteça, decidiram também avançar com um abaixo-assinado na freguesia. No documento lê-se que, a partir desta segunda-feira, estas escolas passam “a ter uma assistente operacional por um período de apenas quatro horas diárias” por estabelecimento, por alegadamente a tutela não dar resposta ao pedido de horas para as funcionárias, segundo uma informação do Agrupamento de Escolas Correia Mateus, de Leiria.

Na terça-feira está marcada nova reunião para, caso não haja uma solução, os pais decidirem outras formas de luta.

O director do agrupamento, António Oliveira, assumiu que, desde o primeiro dia de aulas, este problema era já uma realidade, tendo sido partilhado com a associação de pais. “Confirmo a perda, em Janeiro, do reforço de horas de tarefeira que eram as suficientes para colmatar as necessidades destas e de outras escolas do agrupamento”, declarou António Oliveira, explicando que o reforço de horas foi, de novo, solicitado à tutela, aguardando-se resposta.

Escola em Barcelos fechada a cadeado por falta de pavilhão
Também a Escola Básica Integrada de Fragoso, em Barcelos, foi fechada a cadeado, em protesto contra a ausência de um pavilhão gimnodesportivo. Os alunos estão há 13 anos à espera do pavilhão e, por isso, o director da Escola Manuel Amorim, acredita que os alunos “têm muita razão para protestarem”.

Foram colocados contentores do lixo em frente ao portão principal da escola e penduradas faixas no gradeamento pelos mentores da manifestação. Contudo, a GNR acabou por conseguir abrir os portões, ao final da manhã. Contudo os alunos recusaram-se a entrar.

Este é o segundo protesto deste ano lectivo. O primeiro aconteceu em Novembro, numa altura em que os pais se queixavam de que a falta de pavilhão não permite que se realizem aulas de Educação Física sempre que chove ou quando faz muito calor, devido ao “brutal” aquecimento do piso dos campos exteriores.

O equipamento chegou a estar previsto na parceria público-privada (PPP) Barcelos Futuro, lançada pelo executivo de Fernando Reis (PSD). A Câmara mudou para o PS e aquela PPP acabaria por ser suspensa, uma decisão justificada pelo presidente do executivo, Miguel Costa Gomes, com os “incomportáveis e inadmissíveis” encargos financeiros que a parceria acarretaria para o município.

O vice-presidente da Câmara de Barcelos, Domingos Pereira disse que o pavilhão daquela escola já tem um projecto aprovado e o arranque da obra depende apenas da aprovação do financiamento dos fundos europeus, declarou aquando dos protestos em Novembro.

O autarca explicou que a obra já foi candidatada ao Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN), mas entretanto ficou em stand-by, devido a uma “alteração da afectação dos fundos”. Garantiu que o gimnodesportivo da escola de Fragoso terá, da parte da câmara, “prioridade máxima” nas candidaturas ao novo quadro comunitário de apoio.

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