Alunos cobriram escola de Alverca com 3800 pensos rápidos para exigirem retoma das obras da Parque Escolar

Escola tem obras paradas há dois anos e meio e o Minsitério da Educação não autoriza a utilização dos espaços que já estão prontos.

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Os pensos rápidos simbólicos foram aplicados no início da semana DR

Um grupo de alunos da Escola Secundária Gago Coutinho, em Alverca, organizou no início da semana um protesto original, cobrindo as zonas mais degradadas do estabelecimento com 3800 pensos rápidos.

A iniciativa visou protestar contra o impasse em que cairam as obras de modernização e ampliação da escola, lançadas em 2010 pela empresa pública Parque Escolar, mas que ficaram paradas a meio, em Junho de 2011, deixando o estabelecimento frequentado por cerca de 1000 alunos com piores condições do que tinha anteriormente.

Organizados no grupo Penso ao Contrário, os alunos do 12º. ano da escola afixaram também vários cartazes que denunciam o mau estado dos quatro blocos escolares que se mantêm em funcionamento. Os alunos criticam também o facto de o Ministério da Educação e a Parque Escolar não permitirem a utilização da parte da obra já concluída.

Boa parte do passado domingo foi por eles dedicado à colocação dos 3800 pensos rápidos em escadas, pavimentos, balneários, portas, cadeiras e outros espaços e equipamentos mais degradadas do estabelecimento.

Um deles explicou ao PÚBLICO que a escola se defronta com muita falta de espaços, devido ao facto de a parte abrangida pelas obras estar vedada e inacessível. “Há muitos problemas, chove dentro de alguns blocos, há muitas cadeiras estragadas e praticamente ninguém usa os chuveiros, porque não têm condições. Não temos espaços, nem condições”, lamenta um outro, pedindo para não ser identificado, porque, afirmou, esta é uma causa de toda a escola.

“Era uma escola desafogada e agora está encalhada. Somos um grupo que, para além das queixas, resolveu tentar mudar alguma coisa”, acrescentou a aluna que teve a ideia de criar o Penso ao Contrário e de organizar a iniciativa. O objectivo, adiantou, é mostrar às pessoas que a escola Gago Coutinho  “está doente” e precisa de ser “curada”.

“Foi investido aqui muito dinheiro e não era necessário tanto. Precisávamos de ter uma boa escola, mas não eram precisos edifícios megalómanos”, observa outro aluno, referindo que o grupo vai, agora, escrever aos grupos parlamentares, ao Governo e ao Presidente da República e pensar noutras iniciativas de protesto que mobilizem a comunidade educativa.

O director do Agrupamento de Escolas Gago Coutinho, Sérgio Amorim, afirmou entretanto que a única informação que tem conseguido obter do Ministério da Educação é que as obras estão suspensas por tempo indeterminado.

O projecto da Parque Escolar previa um investimento de 18 milhões de euros, com uma parte nova em toda a zona envolvente que incluía oficinas de electricidade e mecânica, salas de informática, balneários, refeitório e várias salas de aula.

Posteriormente deveriam ser reabilitados os antigos blocos, de modo a que a escola ficasse com salas para 48 turmas. As oficinas, as salas de informática e os balneários estão concluídos, mas a escola não pode ter acesso a essas áreas por razões de segurança e porque o consórcio que desenvolveu as obras colocou a Parque Escolar em tribunal por alegado incumprimento.

Sérgio Amorim espera que a Gago Coutinho seja uma das 22 escolas secundárias que o Ministério da Educação já disse que vão ter as suas obras de modernização retomadas este ano. O director sublinha que, para além das enormes dificuldades de funcionamento, a escola defronta-se, também, com o problema da inexistência de saídas de emergência nos blocos C e D, obstruídas pela vedação da zona da obra.

A questão já foi colocada pela Protecção Civil Municipal e comunicada à Direcção-Geral de Equipamentos Escolares. Sérgio Amorim não esconde a sua preocupação, salientando que, em caso de acidente, cada um destes blocos pode ter cerca de 300 alunos e professores no seu interior sem saída de emergência.

           
 
 

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