Rebeldes retiram corpos das vítimas do local do desastre do MH17

Cadáveres foram removidos e levados para um comboio. Investigadores só poderão ter acesso total ao local do desastre, se for declarado um cessar-fogo, dizem os separatistas. Reino Unido quer impor mais sanções à Rússia.

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Os separatistas controlam a zona onde se despenhou o MH17 Dominique Faget / AFP

Os separatistas pró-russos afirmaram este domingo que vão permitir uma investigação ao local dos destroços do MH17 apenas se as forças leais a Kiev aceitarem um cessar-fogo. Os serviços de emergência da região anunciaram que foram encontrados 196 corpos, que entretanto já foram retirados do sítio do desastre.

Os 196 corpos encontrados no local do desastre foram retirados, encontrando-se agora o sítio onde o avião se despenhou sem qualquer cadáver, diz o correspondente da AFP. Alguns corpos já tinham sido removidos e levados para Torez, uma cidade nas proximidades e ocupada pelos rebeldes.

Vários correspondentes dizem que os corpos foram transportados para um comboio na estação de Torez - a 15 quilómetros do local do desastre -, mas desconhece-se qual o seu destino. Segundo a Reuters, os observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) estão a acompanhar o processo. Alexander Hug, enviado da OSCE, confirmou que os corpos foram colocados em arcas frigoríficas no comboio, mas a sua equipa não conseguiu contabilizá-los nem saber para onde se destinam.

Os corpos foram trazidos durante a noite e vão ser levados para a cidade de Ilovaisk, perto de Torez, disse um maquinista à mesma agência. Sergei Kavtaradze, um oficial separatista, disse à Reuters que os corpos irão permanecer nos vagões até se decidir o que se vai fazer com eles. "Estamos à espera dos especialistas há já três dias", disse, garantindo que, "desde o primeiro dia após a catástrofe", que estavam prontos a receber as equipas. "Especialistas ucranianos, internacionais, russos... Sempre dissemos que iríamos oferecer as máximas garantias para a sua segurança no território que controlamos."

 

 
Os serviços de emergência de Donetsk revelaram esta manhã que foram encontrados 196 corpos no local do desastre. A bordo do Boeing 777 iam 298 pessoas, de acordo com a lista da Malaysia Airlines.

Investigação só com cessar-fogo

Os rebeldes afirmaram este domingo estarem dispostos a permitir investigações no terreno, caso o governo ucraniano aceite um cessar-fogo. A garantia dos separatistas foi dada através de um comunicado assinado pelo primeiro-ministro adjunto da auto-proclamada República Popular de Donetsk, Andrei Pourguine. “Garantimos a segurança dos especialistas internacionais no local se Kiev assinar um acordo de cessar-fogo”, afirmou Pourguine.

Num momento em que os combates entre os separatistas que controlam algumas cidades do Leste e as forças governamentais continuam em vários locais, é incerto se o governo irá aceitar a proposta. No sábado, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, pediu a vários líderes mundiais para que identifiquem as repúblicas separatistas como "organizações terroristas", avança a AFP.

No entanto, no mesmo comunicado, Pourguine propõe um cessar-fogo, “pelo menos, enquanto durar o inquérito” ao desastre.

Desde sexta-feira que grupos de inspectores internacionais da OSCE têm tentado aceder livremente às zonas no Leste da Ucrânia onde se encontram os corpos e os despojos da queda do avião da Malaysia Airlines.

Os rebeldes têm impedido o acesso dos observadores e há relatos de que alguns corpos e outros materiais já tenham sido removidos. Receando que os cartões de crédito das vítimas venham a ser utilizados, os bancos holandeses garantiram que vão tomar "medidas preventivas", impedindo qualquer operação que possa vir a ser efectuada e reembolsando as famílias, na eventualidade de já ter havido algum levantamento.

A pressão de várias capitais mundiais para que a investigação se inicie tem aumentado de tom à medida que o tempo vai passando.

Este domingo, o Reino Unido adoptou uma postura mais forte e anunciou que poderá haver mais sanções europeias sobre a Rússia, já na terça-feira, quando se reunirem os ministros dos Negócios Estrangeiros da Uião Europeia. "Iremos (...) tentar fazer com que os nossos parceiros europeus concordem em ir mais longe nas sanções, caso a Rússia não altere radicalmente a sua posição até lá", disse o secretário dos Negócios Estrangeiros, Philip Hammond.

Na véspera do desastre do MH17, os Estados Unidos e a UE aplicaram um conjunto de sanções, que implicaram o congelamento de bens pessoais de algumas figuras da política e da banca.

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