Obama diz que China já reconhece que a Coreia do Norte é uma ameaça

Relatório da universidade americana Johns Hopkins diz que Pyongyang pode estar a preparar quarto teste nuclear.

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A Presidente sul-coreana e Obama, que assina o livro de honra Larry Downing/Reuters

O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse esta sexta-feira que a China “começa a reconhecer que a Coreia do Norte é não só uma dor de cabeça mas uma ameaça significativa para a segurança”. Na Coreia do Sul, a segunda etapa da sua viagem aos países aliados dos Estados Unidos na Ásia, Obama disse que Pequim é “fulcral” para conter os norte-coreanos que já realizaram três testes nucleares e poderão estar a preparar um quarto.

A questão norte-coreana foi o centro da reunião entre o Presidente norte-americano e a chefe de Estado sul-coreana, Park Geun-Hye. Dias antes da chegada de Obama, o Governo de Seul anunciara ter detectado grande movimentação nos locais do Norte onde se realizaram os testes nucleares e advertia que um novo ensaio poderia estar em preparação.
Os analistas explicaram, porém, que as movimentações fazem provavelmente parte de intimidação e que só deverão durar o tempo que Obama estiver na Ásia. O Governo de Pyongyang, liderado por Kim Jong-un (o terceiro dirigente da dinastia Kim), criticara a viagem do Presidente americano e classificara a sua ida à Coreia do Sul como uma provocação que traria “nuvens negras à questão nuclear”. 

Mas um relatório da 38 North, o site do Instituto para a Coreia e Estados Unidos da prestigiada universidade americana Johns Hopkins, feito depois do estudo de imagens de satélite tiradas nas últimas semanas, confirmava que as movimentações podem estar relacionadas com “as preparações de uma detonação”. Num dos locais foi detectada a movimentação de terras a níveis profundos o que pode indicar, segundo os especialistas, a preparação para um ensaio subterrâneo.

Antes de aterrar na Coreia do Sul, Obama disse aos jornalistas que acompanham a viagem que a Coreia do Norte — um país isolado internacionalmente e que conta apenas com um país, a China, como aliado — é “a situação mais perigosa e desestabilizadora da região da Ásia Pacífico”. Junto da Presidente Park, afirmou que os EUA e a Coreia do Sul “rejeitam uma Coreia do Norte nuclear e vão trabalhar ombro a ombro contra as provocações de Pyongyang”.

Obama foi à Ásia reforçar acordos que visam manter abertos (e alargar) os mercados aos produtos americanos, assinar novos tratados de segurança e tentar manter boas relações com os aliados regionais (Japão, Coreia do Sul, Malásia e Filipinas; a seguir viaja para estes dois países). Disputas territoriais e o ressurgimento de nacionalismos azedaram, contudo, o entendimento entre vários vizinhos — Seul e Tóquio desentenderam-se devido a querelas que datam da II Guerra Mundial.

Se em Tóquio as evitou, em Seul Obama falou nelas, mencionando o caso das “mulheres de conforto” — mulheres que, contra sua vontade, foram levadas para bordéis militares japoneses; a maior parte delas era sul-coreana. O Governo japonês recusa reconhecer que houve um crime de guerra, pedir desculpas e pagar indemnizações. Obama disse que se tratou de uma “terrível e monumental” violação dos direitos humanos: “Essas mulheres viram os seus direitos serem suprimidos de uma forma chocante, mesmo no contexto de uma guerra”.


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