EUA dizem que notícias sobre espionagem em França são "imprecisas e enganadoras"

Director dos serviços secretos dos EUA diz que NSA não recolheu "mais de 70 milhões de gravações de dados telefónicos de cidadão franceses", mas não desmente actividades de espionagem em França.

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James Clapper, director dos serviços secretos norte-americanos Brendan SMIALOWSKI/AFP

O director dos serviços secretos norte-americanos, James Clapper, classifica as revelações do jornal Le Monde sobre a espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) em França como "imprecisas e enganadoras", mas não desmente o essencial da notícia nem comenta as acusações de escutas a diplomatas nas Nações Unidas.

Num comunicado divulgado nesta quarta-feira, o responsável pela comunidade de serviços secretos dos Estados Unidos garante que "as alegações de que a Agência de Segurança Nacional recolheu mais de 70 milhões de 'gravações de dados telefónicos de cidadãos franceses' são falsas", o que não desmente que a NSA tenha registado dados telefónicos de cidadãos franceses, independentemente da quantidade e do tipo de informação.

"Artigos recentes publicados pelo jornal francês Le Monde contêm informações imprecisas e enganadoras sobre as actividades dos serviços secretos dos EUA no estrangeiro", lê-se no comunicado de James Clapper, principal conselheiro do Presidente Barack Obama, do Conselho de Segurança Nacional e do Departamento de Segurança Interna.

O responsável recusou-se a avançar pormenores sobre o caso e disse apenas que "os Estados Unidos reúnem informação semelhante à que é reunida por todas as nações".

Espionagem vai para além das suspeitas de terrorismo
Na segunda-feira, Le Monde avançou que a Agência de Segurança Nacional dos EUA espiou mais de 70 milhões de chamadas telefónicas de cidadãos franceses em apenas um mês, entre 10 de Dezembro de 2012 e 8 de Janeiro de 2013.

Segundo a notícia – escrita com a participação do jornalista norte-americano Glenn Greenwald e a partir de documentos obtidos pelo antigo analista informático Edward Snowden –, os serviços secretos norte-americanos acederam e guardaram o conteúdo de algumas comunicações e não apenas a metainformação (dados como o número de telefone, a duração da chamada ou a localização de um ou de ambos os interlocutores, por exemplo).

Num outro comunicado, divulgado a 8 de Setembro, James Clapper já admitira que a espionagem dos EUA vai para além das suspeitas de terrorismo.

"Não é nenhum segredo que os serviços secretos recolhem informação sobre assuntos económicos e financeiros, e sobre financiamento do terrorismo. Recolhemos este tipo de informação por muitas razões importantes: em primeiro lugar, porque pode fornecer aos Estados Unidos e aos nossos aliados um aviso atempado sobre crises financeiras internacionais, que podem ter um impacto negativo na economia global. Pode também dar uma boa perspectiva sobre a política ou o comportamento económico de outros países, que podem afectar os mercados globais", lê-se no comunicado.

O Le Monde avançou na terça-feira que a Agência de Segurança Nacional espiou diplomatas franceses – um país aliado dos EUA – nas Nações Unidas. Num dos documentos a que o jornal teve acesso, a então embaixadora norte-americana na ONU, Susan Rice, é citada a elogiar a NSA: "Ajudou-me saber a verdade... a posição de outros [países] sobre as sanções, o que nos permitiu estar um passo à frente nas negociações."

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