Julgamento da irmã do rei de Espanha e do marido começa a 11 de Janeiro

É a primeira vez que um membro da família real espanhola é acusado num processo judicial.

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A Infanta Cristina é acusada de cumplicidade de dois delitos fiscais Daniel Aguilar/Reuters

O julgamento do caso de corrupção Nóos começa a ser julgado a 11 de Janeiro, dia em que a irmã do rei de Espanha, Cristina, e o seu marido, Iñaki Urdangarín, se sentam no banco dos réus. Com eles estará também o ex-presidente das Ilhas Baleares, Jaume Matas, e mais 15 envolvidos.

É a primeira vez que na História da monarquia espanhola um membro da família real é acusado num processo judicial.

O caso Nóos centra-se em Urdangarín, que criou a fundação Nóos, sem fins lucrativos e de divulgação do desporto, mas através da qual enriqueceu ilicitamente, através de contratos públicos (sobretudo nas Baleares) que eram inflaccionados e de verbas desviadas em seu proveito e do seu sócio, Diego Torres. Segundo a acusação, tratava-se de uma "teia de facturação fictícia" fabricada por Urdangarin e por Torres, e que terá levado a um desvio de fundos públicos de perto de 6,2 milhões de euros.

A irmã do rei Filipe VI é acusada de cumplicidade de dois delitos fiscais relativos a dinheiro que era canalizado para uma empresa sua e do marido, a Aizoon, através da qual eram feitas despesas pessoais e familiares, como a compra de livros ou o pagamento aos empregados domésticos.

O Ministério Público tinha recomendado que a infanta não fosse acusada e que pagasse antes uma multa de 600 mil euros pelos ganhos indevidos com as actividades criminosas, quantia que foi paga. A Audiência Nacional, máxima instância criminal de Espanha, recomendou porém a acusação, comparando a participação de Cristina de Borbon à da mulher de Diego Torres, que também foi acusada: "Serviam de instrumento ou ferramenta fiscal para ocultar os rendimentos obtidos pelos seus maridos e, em consequência, para defraudar a Fazenda."

Urdangarín é acusado de vários crimes de corrupção, tendo o Ministério Público pedido 19 anos e meio de prisão para ele e 16 anos e meio para Diego Torres.

As audiências vão realizar-se numa escola e não nos tribunais centrais de Palma de Maiorca — Cristina e o marido, que vivem na Suiça desde que o escândalo rebentou, tinham o título de duques de Palma, que Filipe VI lhes retirou — para "garantir melhores condições de segurança", anunciou esta terça-feira o tribunal, citado pelo jornal El País.

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