Buscas no Índico tentam captar novos sinais antes de enviar submergível

Operação para localizar destroços do avião da Malaysia Airlines, desaparecido há um mês, será a mais cara da história da aviação.

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O submergível está equipado com uma sonda e pode descer até 4500 metros de profundidade Kelly Lunt/Australia Defence/AFP

Com o tempo a esgotar-se, as buscas para encontrar o avião da Malaysia Airlines terão em breve de se centrar no fundo do oceano Índico, onde se suspeita que o Boeing 777 se tenha despenhado. Mas os responsáveis pelas operações esperam recolher mais indícios que os ajudem a limitar a área de pesquisa antes de enviar um submergível para tentar localizar os destroços. Há, desde já, uma certeza: esta será operação mais cara de sempre para tentar resgatar um avião e cálculos da agência Reuters indicam que foram até agora gastos 32 milhões de euros.

O navio australiano Ocean Shield continua na zona onde, durante o fim-de-semana, um sonar de grande profundidade acoplado à embarcação detectou sinais “consistentes” com os emitidos pelos localizadores das caixas negras do avião, mas não voltaram a conseguir captar qualquer sinal. Cumpre-se nesta terça-feira um mês desde que o voo MH370 desapareceu dos radares, quando fazia a ligação entre Kuala Lumpur e Pequim, e as baterias dos localizadores atingiram já a duração prevista — o fim das transmissões tornaria ainda mais difícil a tarefa de localizar as caixas negras e encontrar resposta para um dos maiores mistérios da história da aviação.

Ainda assim, os responsáveis pelas buscas não perderam a esperança. “Vamos continuar a procurar sinais até que não haja qualquer hipótese de os localizadores continuarem a transmitir”, assegurou Angus Houston, chefe da Autoridade de Segurança Marítima da Austrália, à frente das operações. O responsável explicou que, caso não sejam detectados mais sinais, as buscas terão de decorrer “numa área razoavelmente grande no fundo do oceano”, o que se transformará numa tarefa “muito lenta e extremamente difícil”.

A bordo do Ocean Shield está o Bluefin-21, um submarino não tripulado da Marinha norte-americana, capaz de descer até 4500 metros de profundidade, semelhante à registada na zona onde decorrem actualmente as buscas. O submergível, que pode ficar no mar até 20 horas, está equipado com um sonar e, no caso de algo significativo ser detectado no fundo do mar, irá emergir, os dados serão analisados a bordo e descerá novamente com uma câmara para tentar verificar o objecto em causa — pela sua dimensão, um pouco menos de cinco metros, não pode transportar em simultâneo uma câmara e um sonar.

As operações estendem-se actualmente num arco de 600km, uma área que “é muito grande para um pequeno submergível com um campo muito limitado de buscas e que está literalmente a rastejar ao longo do fundo do oceano”, explicou Houston. “É por isso que é tão importante que consigamos captar outra transmissão.”

Austrália assume fatia maior dos gastos
Nas operações participam 14 navios de vários países, 11 aviões militares e três civis. Mas nem por terra nem por mar foi possível detectar qualquer destroço que confirme que o avião se despenhou na zona — teoria baseada em dados recolhidos por um satélite, que continuou a captar sinais enviados pelo avião sete horas depois de os sistemas de comunicação a bordo terem sido desligados e de um radar militar ter detectado a passagem do aparelho pela costa oeste da Malásia, bem distante da sua rota inicial.  

Pondo cifrões sobre esta inédita operação internacional, a Reuters calcula que só a Austrália, China, Estados Unidos e Vietname — quatro dos 26 países envolvidos nas buscas — já gastaram 32 milhões de euros, tanto quanto os gastos oficiais da operação para a localização e recuperação das caixas negras do avião da Air France que, em 2009, se despenhou no Atlântico. E, tal como então, os custos reais terão sido três ou quatro vezes superiores ao anunciado, sendo provável que o saldo final desta operação atinja as centenas de milhões de euros, adianta a agência.

Os cálculos incluem apenas os gastos com o envio e manutenção dos aviões e navios envolvidos nas buscas, não abrangendo, por exemplo, o pagamento aos peritos que têm analisado os dados de satélite, viagens e alojamento de pessoal nas buscas ou os custos dos aviões civis que participam na operação.

Quase metade das despesas estão a cargo da Austrália — apesar de parte da factura poder vir a ser paga mais tarde pela Malásia —, mas a China, país de origem dos passageiros, tem vindo a assumir um papel cada vez maior nas buscas e, na semana passada, o Pentágono anunciou já ter gasto 3,3 milhões de dólares na operação. Ainda assim, todos os responsáveis garantem que os custos não são um factor determinante e que as buscas vão continuar enquanto houver esperanças de encontrar os destroços.

“É mais do que razoável que assumamos os custos, trata-se de um acto de cidadania internacional”, assegurou o primeiro-ministro australiano.
 

   

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