Boko Haram atacou outra vez Maiduguri e de novo foi derrotado

O grupo tentou já, no domingo passado, tomar Maidiguri, “berço” desta formação que aterroriza o Nordeste da Nigéria.

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Habitantes do Norte da Nigéria, em fuga da violência islamista Afolabi Sotunde/Reuters

A cidade de Maiduguri, capital do estado de Borno, no Nordeste da Nigéria, foi atacada neste domingo pelo grupo islamista Boko Haram, pela segunda vez numa semana, mas o exército anunciou ter rechaçado o ataque.

"O ataque lançado às primeiras horas do dia pelos terroristas foi rapidamente repelido. Os terroristas sofreram grandes perdas", disse o porta-voz do exército Chris Olukolade, citado pela AFP.

Foram ouvidas fortes explosões e trocas de tiros. Homens do Boko Haram tentaram avançar de madrugada, pela periferia Sul da cidade, disseram, por telefone, habitantes da cidade à agências noticiosa francesa.

Soldados e milícias formadas por habitantes enfrentaram os atacantes durante horas e a ofensiva foi repelida, mas os islamistas atacaram em seguida na zona Leste da cidade.

Testemunhas e forças de segurança disseram à Reuters que morreram pelo menos oito pessoas.

“Toda a cidade está [mergulhada] no medo (…) as pessoas têm medo do que possa acontecer se o Boko Haram derrotar as forças de segurança”, disse Adam Krenuwa, um dos habitantes contactados pela AFP.

O grupo islamista tentou já, no domingo passado, tomar Maidiguri, “berço” do grupo islamista, mas as suas ofensivas foram rechaçadas.

No mesmo dia, cerca de 130 quilómetros a Norte, o Boko Haram conquistou a cidade de Monguno e uma base militar, provocando um novo afluxo de refugiados a Maiduguri.

A cidade, de cerca de um milhão de habitantes, viu a sua população duplicar nos últimos meses devido à chegada de habitantes de cidades e aldeias conquistadas pelo Boko Haram, que pretende criar um estado islâmico no Norte do país.

Uma eventual queda às mãos dos islamistas poderia provocar uma catástrofe humanitária. Representaria também uma enorme derrota para as forças de segurança, criticadas pela ineficácia da resposta à insurreição iniciada há seis anos.

A situação no Nordeste, bastião da oposição, onde o Boko Haram controla vastos territórios, é uma ameaça às eleições gerais – presidenciais, legislativas e para a escolha de governadores – marcadas para 14 de Fevereiro. Nas presidenciais a corrida vai decidir-se entre o actual chefe de Estado, Goodluck Jonathan, e Muhammadu Buhari.

Só ano passado, a insurreição islâmica na Nigéria causou a morte de mais de duas mil pessoas. Desde o início, em 2009, as vítimas mortais ultrapassam as 13 mil. Há pelo menos 1,5 milhões de refugiados.

A União Africana apelou entretanto a “uma resposta colectiva” contra o Boko Haram, cujo terror se está também a espalhar a outros países vizinhos. A ideia é criar uma força militar regional de 7500 soldados para conter o avanço do grupo islamista. As suas incursões nos Camarões  estão a ser combatidas com o apoio da aviação do Chade que, segundo a AFP, bombardeou no sábado a cidade nigeriana de Gamboru, que há vários meses está na posse dos islamistas. Gamboru fica a apenas 500 metros da cidade camaronesa de Fotokol, onde houve combates entre islamistas nigerianos e soldados do Chade, na sexta-feira.

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