Boko Haram sequestra dezenas de pessoas no vizinho Camarões

Islamistas atacaram várias aldeias. Maioria dos raptados são crianças.

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O líder do Boko Haram, Abubakar Shekau AFP

Várias pessoas foram mortas e pelo menos 60 foram raptadas neste domingo no Norte dos Camarões, junto à fronteira com a Nigéria, durante um ataque do grupo islamista Boko Haram

Combatentes do Boko Haram lançaram uma ofensiva no domingo de manhã contra duas aldeias da zona de Tourou. Pegaram fogo a tudo e partiram com cerca de 60 pessoas, a maioria crianças e mulheres”, disse à AFP um oficial da polícia, sublinhando que “o ataque fez mortos”.

Se tanto a BBC como a AFP falam em 60 pessoas raptadas, a Reuters cita fontes que dão conta de 80 habitantes das duas aldeias que foram levados pelos radicais islamistas. “Segundo as nossas informações iniciais, cerca de 30 adultos, a maioria pastores, e 50 raparigas e rapazes com idades entre os 10 e os 15 anos foram raptados”, disse um oficial do exército que está destacado na zona.

A mesma fonte militar disse à Reuters que chegou a haver troca de tiros entre soldados e radicais, mas as forças governamentais foram incapazes de travar a fuga dos homens do Boko Haram com as pessoas raptadas.

O ministro das Informações camaronês, Issa Tchiroma Bakary, disse que por enquanto não era possível precisar o número de pessoas raptadas, confirmando apenas que entre o grupo que foi levado pelos militantes estavam “várias crianças” e que 80 casas foram totalmente destruídas no ataque à aldeia. “Estamos a lidar com um conjunto de bárbaros, que são capazes dos piores crimes”, lamentou.

Este rapto, o maior a ocorrer em solo camaronês desde que o Boko Haram começou a expandir a sua zona de operações para lá das fronteiras da Nigéria no ano passado, ocorre um dia depois de o Governo do Chade ter enviado tropas para apoiar as forças dos Camarões naquela região. No passado dia 3, os islamistas avançaram sobre a localidade de Baga, junto à fronteira com o Chade, para assaltar uma base militar, num ataque que provocou centenas de mortos.

Em Abril do ano passado, o Boko Haram raptou 200 raparigas que frequentavam uma escola interna em Chibok, uma localidade remota no Nordeste da Nigéria. O caso motivou uma campanha internacional para o resgate das meninas, e gerou uma onda de críticas contra o Presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, candidato a um novo mandato nas eleições do próximo mês contra o antigo líder militar Muhammadu Buhari.

As raparigas continuam desaparecidas até hoje, e suspeita-se que os militantes estejam a utilizar as crianças para levar a cabo atentados suicidas. Há uma semana, pelo menos 20 pessoas morreram depois de uma menina que não aparentava ter mais de dez anos de idade se ter feito explodir num mercado apinhado da cidade de Maiduguri, capital do estado do Borno, uma das zonas controladas pelos militantes sunitas radicais.

Em vídeos divulgados recentemente, o Boko Haram informava que estava a recrutar novos combatentes nos Camarões, no Chade e no Níger. A sua campanha para o estabelecimento de um califado islâmico na África, que começou há mais de cinco anos, já fez milhares de mortos, a maioria na Nigéria.

Num ataque separado, um bombista suicida dirigiu um carro armadilhado contra uma estação de autocarro na cidade nigeriana de Potiskum, matando quatro pessoas. O ataque ainda não foi reivindicado, mas foi o terceiro incidente naquele local desde o início do ano – os anteriores foram reclamados pelo Boko Haram.

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