Amatriciana

Dar não nos ajuda nem alivia nada — é sempre pouco. Mas, tudo junto, é alguma coisa para as pessoas que temos de ajudar.

Mais do que bonita, a campanha de Paolo Campana no Facebook está a ser um êxito financeiro. Mais de mil restaurantes estão a servir Bucatini all’Amatriciana e a mandar 2 euros à Croce Rossa Italiana por cada prato vendido. Um euro é pago pelo restaurante, um pelo cliente.

O cartaz destaca as três primeiras letras: “AMAtriciana”. Perante uma tragédia como esta, com tantas vidas perdidas, não se pode dizer nada. Não fazemos ideia do horror, da perda, do desespero, do sofrimento, da agonia, da tristeza e do medo do futuro.

Comovemo-nos em vão, que é como deve ser. De nada serve às vítimas. A única maneira de ajudar de longe é através do dinheiro. O dinheiro faz sempre falta e nunca é de mais. As pessoas que estão lá a ajudar precisam não só de consideração, agradecimento e aplausos mas de melhores condições de trabalho e de vida, mais férias, melhores ordenados, mais oportunidades de formação para mais bem poderem enfrentar os desastres deste mundo.

As instituições internacionais devem desviar o dinheiro destinado a tarefas menos urgentes e entregá-lo às vítimas. E não se fale em património arquitectónico enquanto se contam mortos.

Mas nós, as pessoas, também temos de ajudar, com dinheiro, os sobreviventes do terramoto de anteontem. Nem que seja com 1 euro por um prato de massa à moda de Amatrice. O pior é não fazer — e não dar nada.

Dar não nos ajuda nem alivia nada é sempre pouco. Mas, tudo junto, é alguma coisa para as pessoas que temos de ajudar.

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