Vendas de casas caíram 20% em 2013, mas a segunda metade do ano foi de crescimento

Famílias entregaram 2504 habitações aos bancos no ano passado, menos 54% que em 2012.

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Venda de casas regista sinais de dinamismo na segunda metade de 2013 Joana Camões

O número de casas transaccionadas em 2013 caiu cerca de 20% face a 2012, totalizando 96,9 mil imóveis (urbanos, rústicos e mistos). Os dados agregados escondem uma recuperação nas vendas no segundo semestre do ano, que levam a APEMIP- Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal a dizer que “o ano de 2013 terminou com um bom prenúncio para o mercado imobiliário portu­guês”.

Luís Lima, presidente da APEMIP, disse ao PÚBLICO que o primeiro trimestre foi muito negativo e que o segundo trimestre ainda foi de queda de vendas face a 2012.

O ponto de viragem aconteceu no terceiro trimestre, que foi “muitíssimo interessante”, quebrando uma tendência negativa que durava há quatro anos. O aumento das vendas a partir de Junho foi alavancado pelos Vistos Gold (autorização de residência para quem comprar imóveis de valor igual ou superior a 500 mil euros) e pelo Regime Fiscal dos residentes não habituais, que atraiu investimentos por parte de emigrantes nacionais.

Os Vistos Gold garantiram, até ao final do ano, um investimento de 300 milhões de euros e o presidente da APEMIP mostra-se confiante no crescimento deste segmente, bem como no investimento realizado por emigrantes.

O último trimestre do ano também foi de crescimento das vendas face ao ano anterior. Apesar de a segunda metade do ano não ter conseguido compensar a queda da primeira, a evolução registada gera alguma confiança na recuperação do sector.

Sem querer embarcar em euforia, Luís Lima salienta que os números de vendas, ajudados pela queda das dações “transmitem, acima de tudo, algum optimismo e esperança para a recuperação do mercado imobiliário em 2014”.

O presidente da APEMIP adianta que a cautela para 2014 é explicada “pelo risco da situação conjuntural do país”, que pode ter impacto negativo na confiança das famílias e investidores, e “pela fiscalidade aplicada sobre o sector, por via de impostos como IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis) ou o IMT (Imposto Municipal sobre Transacções) devem ser readequados à realidade do país com a maior urgência possível”, salienta Luís Lima.

O último ano revela ainda uma boa notícia no que se refere aos números de dações, ou entrega de casas aos bancos por dificuldades de pagamento dos empréstimos.

O número total de dações desceu 54,5% em 2013 face ao ano anterior, totalizando 2504 dações, o que corresponde à entrega de perto de sete imóveis entregues por dia. Neste caso, o último trimestre foi o que registou mais dações, feitas por famílias e promotores imobiliários, totalizando 655, o que representa um crescimento de 30% face o trimestre anterior. O mês Dezembro foi o mês mais gravoso de todo o trimestre, representando 43% do total dos do total do trimestre.

As áreas metropolitanas de Lisboa e Porto representam cerca de 29% das dações, que consistem num acordo entre o detentor do empréstimo e o banco e que nem sempre se traduzem numa amortização integral da dívida.

O presidente da APEMIP explica que “o decréscimo no número de imóveis entregues em 2013 está relacionado com a actuação dos bancos junto dos seus clientes, pois passaram a adoptar uma posição mais facilitadora do pagamento das dívidas de crédito à habitação pelas famílias”.

Esta maior abertura bancos é explicada pela dificuldade de escoamento dos imóveis que recebem, e à implementação de programas que facilitam a identificação atempada de situações de stress financeiro das famílias e à reestruturação das dívidas, de forma a manter a permitir a manutenção dos empréstimos.
 

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